terça-feira, 10 de dezembro de 2013




Sete Coisas Que o Senhor Detesta
Pv. 6.16 a 19



Por falar em agradar, o texto citado relaciona sete coisas, atitudes, que desagradam o coração de Deus, ou que o Senhor odeia, aborrece, abomina e não tolera no meio do Seu povo, e conseqüentemente, torna o povo de Deus, um povo comum, derrotado...

1) Olhos altivos
O orgulho, arrogância, soberba, presunção, altivez, é o inimigo de todo discípulo sincero. O orgulho no coração humano é um solo fértil para que as mentiras de satanás floresçam e cresçam. O Orgulho nos desvia da verdade, não admite o erro nem a responsabilidade pessoal, e ainda costuma lançar a culpa nos outros. O orgulho vem antes da destruição e da queda (Pv. 16.18).

2) Língua mentirosas

3) Testemunha falsa que profere (espalha) mentiras

A Bíblia declara que o diabo é o pai da mentira e jamais de firmou na verdade (Jo. 8.44). Apesar disto, muitos “cristãos” vivem na mentira, proferem mentira, e falam com falsidade uns aos outros (coração fingido – Sl. 12;2). A mentira com suas variações, incluído o falatório inútil, tem prejudicado o Corpo de Cristo. Isso não agrada a Deus...

4) Mãos que derramam sangue inocente

Na Lei de Moisés e Código Penal de nosso País há orientações específicas quanto a isso; porém como esse versículo pode ser entendido, ou quais seriam algumas formas de se “derramar sangue inocente” no seio da igreja? Através da crítica ferina, de gestos e palavras grosseiras, fazendo acepção de pessoas, não tendo o mesmo sentimento uns para com os outros, mas também servindo de pedra de tropeço, golpeando assim a consciência dos irmãos (1 Co. 10. 32, 33 e 8.12).

5) Coração que trama projetos iníquos

O coração que planeja o mal, a perversão, a iniqüidade, que usa de maus artifícios, tramóias e trambiques, nunca conheceu a Deus, mesmo que freqüente alguma igreja (Mt. 7.21, 23). O que torna o povo de Deus especial é justamente o coração transformado e regenerado.

6) Pés que se apressam a correr para o mal

É o típico pecado da rebeldia; porque deliberadamente essa pessoa não obedece a Deus, e usa o racional puramente humano e máscaras para ações pecaminosas. Será que a rebelião é um “pecadinho” que o “cristão” simplesmente pode aprender a conviver com ele? (I Sm 15.23; 1 Jo 3. 7-10).

7) O que semeia contenda entre os irmãos

Leia de novo o texto e descubra que o juízo de Deus é ainda mais forte/pesado para quem pratica tal coisa. A Igreja que procura glorificar a Deus em tudo, que busca a unidade e a edificação do Corpo, cujos membros têm comunhão com Deus e com o próximo, não tem em seu meio quem semeia contendas, quem anda com a perversidade na boca, quem provoca briga, discórdia, desentendimento entre os irmãos. Isto é próprio do ímpio, do homem vil, do homem de Belial (sem proveito) (Pv. 6. 12-14).

sábado, 16 de novembro de 2013




O Vaso de Deus

Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel; Atos 9.15

A declaração do Senhor sobre o então Saulo feita a Ananias, me levou a pensar: O que é na verdade ser um vaso escolhido de Deus? Em primeiro lugar precisamos entender o que é um vaso, suas características e materiais de que podem ser feitos: 

Definição

Vaso é um recipiente côncavo, mais profundo que largo, pode possuir grande variação de formas e volume. 

Características

Isso depende da finalidade para a qual for construído, pois a uma variedade incontável de utilidades para um vaso, sempre observando a sua capacidade e material de que é feito, no entanto podemos afirmar que Deus tem uma preferência, como vamos descrever a seguir. 

Materiais

O material utilizado na formação de um vaso é de suma importância, pois demonstra sua resistência e aptidão para suportar a tarefa que lhe foi designada; abaixo descrevemos alguns desses materiais e sua relação com muitos dos que estão no seio da Igreja:

Cristal: Apesar da beleza, é muito sensível e necessita de cuidados especiais, pois se quebrar não há conserto. Assim é aquele que se considera vaso, no entanto caso alguém o fira ele se desfaz em muitos pedaços; a sua alma fica ferida a tal ponto que não consegue sequer ouvir falar do Evangelho.

Madeira: Não suporta fogo, se usar água por muito tempo ele incha e se rachar torna-se inútil. Nos últimos dias encontramos grande quantidade desses vasos dentro das Igrejas, são pessoas que não suportam ouvir a Pregação, pois, acham que a Palavra está lhes machucando, ou quando o Espírito Santo começa a operar os mesmos retiram-se do Templo com a afirmativa de que não precisa ter tanto barulho na Igreja.

Metal: Chama a atenção pelo seu brilho próprio, aparenta ser resistente, mas, não suporta pancada nem tão pouco temperaturas elevadas.
São todos aqueles que possuem ou tentam ter brilho próprio nunca permitindo que o brilho de Cristo apareça em sua vida, pessoas que demonstram resistir às lutas e adversidades porem, se alguém o magoar, passam anos após anos e ele sempre estará mostrando a todos o lugar do machucado; são estes também que no operar do Espírito de Deus no meio da Congregação tentam mostrar certa mudança em suas características, no entanto isso só ocorre naquele instante.
Barro: Não possui muita beleza, no entanto conserva a temperatura do seu conteúdo, se rachar pode ser restaurado pelo oleiro e alem disso suporta fogo. Com certeza este foi o material escolhido por Deus, mas, não é isso que nos torna especiais e sim o fato de que Deus soprou dentro de um vaso vazio e lhe deu alma vivente, encontramos tal afirmativa em Gênesis 2.7; também nos concedeu capacidade de suportar o calor de sua Presença, como a condição de sermos restaurados por seu Filho.

Barro foi o material escolhido:

1. Isaías 64.8: ' Mas, agora ó Senhor, tu és o nosso Pai; nós o barro e Tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos. 
2. Jeremias 18.6b: ' Diz o Senhor, eis que como barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão,... '

3. II Corintios 4.7: ' Temos, porém esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. ' 

Em II Timóteo 2.20 , está escrito:
'Ora, numa grande casa, não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de madeira e de barro; e uns, na verdade, para uso honroso, outros, porém, para uso desonroso.'

Amado, essa é a realidade que vivemos hoje, são pessoas completamente sem compromisso com o Reino de Deus que andam com espíritos embriagados em emulação (improbus ligitador), e se declaram vaso de Deus, no entanto estão simplesmente em busca de glória pessoal, imitando pregadores de renome, aproveitando a carona na palavra que Deus concedeu a outro vaso; certo dia um jovem pregador que é bastante conhecido não só na região em residimos, mas também em muitas cidades do país, nos afirmou ter relaxado a leitura bíblica para aprender (decorar) nas pregações em fitas de vídeo, e ainda declarou-me estar viajando para diversas cidades do Brasil não só para pregar, mas para fazer seu nome; a minha resposta para ele foi: o importante é que Cristo esteja em primeiro lugar, lembra do que afirmou João Batista a respeito de Jesus, 'É necessário que ele cresça e que eu diminua.' João 3.30.

Para cada vaso O Senhor dispensou algo especial, Ele é a fonte de onde provem Sabedoria, Força e Poder; Ele reservou para cada um uma missão especifica, porem muitos esqueceram isso e no lugar de encherem seus vasos na fonte preferem tomar um pouco de azeite dos vasos que se encontram cheios. E o pior amado, muitas das vezes isto ocorre com a aprovação e conivência dos pastores. 

Vamos observar a seguir o que é necessário para ser vaso de Deus:
Ser escolhido por Deus:

O ato de escolher é direito de Deus, pois foi Ele que nos formou e como nosso proprietário possui a prerrogativa de escolher a qualquer um para o trabalho que lhe convier. É com razão que Paulo na sua primeira epistola aos corintios cap. 1.26 à 31 escreve: ?Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. Nem muitos os nobres que são chamados. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são; para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.?

1. João 13.18a: 'Não falo de todos vós; eu bem sei os que tenho escolhido;'
2. João 15.16a: 'Não me escolhestes vós a mim, mas Eu vos escolhi a vós;'
3. Atos 9.15: 'este é para mim um vaso escolhido.'


Limpo para o uso do Senhor:

1. Isaías 66.20c: 'Os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à Casa do Senhor.'

2. Levítico 11.33 adverte quanto aos vasos imundos, mostrando que o vaso não pode conter impurezas; 'e todo o vaso de barro em que cair coisa imunda será quebrado.'

Santificado para uso exclusivo do Senhor:

A Santificação é uma exigência de Deus, o próprio Paulo adverte 'Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor' Hb 12.14, dentre outras referencias.

1. II Timóteo 2.21: 'de sorte que, se alguém se purificar será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda boa obra.'

2. I Tessalonicenses 4.4: 'Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra.'

Estar vazio para que possa ser cheio:

Esvaziar-se de si mesmo, deixar o Eu de lado, não olhar para seus próprios defeitos ou dos outros.

1. Êxodo 16.33b: 'Toma um vaso, enche-o de maná, e põe-no diante do Senhor;'
2. II Reis 4.3: 'Disse-lhe: Vai pede vasos emprestados aos teus vizinhos, vasos vazios não poucos.' 

O que deve conter o vaso de Deus?

Três itens são essenciais para que o vaso possa ser 100% aproveitado por Deus:

1. O Espírito Santo: Efésios 5.18 ' Não vos embriagueis com vinho em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito Santo,...'

2. A Palavra: Jeremias 32.14b 'Toma estes autos de compra, tanto selado como o aberto, mete-os em um vaso de barro, para que possam ser conservados por muitos dias. '

3. O Azeite (Unção): II Reis 4.4b 'deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe a parte o que estiver cheio. '


II Reis 4.6 'E sucedeu que, cheios foram os vasos, e disse a seu filho: trazei-me mais vasos. Ele respondeu: Não há mais vasos. Então o azeite parou.' (Com Deus não há desperdício)

Existe a necessidade de equilíbrio no conteúdo do vaso: · Em alguns vasos há (+) poder e (-) unção · Em outros (+) espiritualidade e (-) conhecimento 

Comentário:

Nós como vaso de Deus, estamos sujeitos as suas determinações e desígnios.

E há necessidade de saber que: Deus não escolhe os que se julgam capacitados, mas Ele capacita os seus escolhidos. 

Ser vaso de Deus não é simplesmente pular em um púlpito e falar em línguas, e sim estar na dispensação de Cristo e transmitir para a Igreja ou individuo em particular a mensagem que lhe foi entregue, sem aumentar ou diminuir lembrando sempre que, vaso não possui vontade própria.

Portanto amados permanecei na vocação para qual fostes chamados, sempre permitindo que aquele que vos convocou (Deus) esteja à vossa frente, para que a sua vontade seja realizada em vossas vidas e que todos possam contemplar o Poder de Deus em vós, como escreve Pedro em sua primeira carta cap. 4.10,11.

'Servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede; para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, ma quem pertencem à glória e o domínio para todo o sempre. Amém.'

sábado, 2 de novembro de 2013


COMPREENDENDO O JEJUM

O jejum é a abstinência total ou parcial de alimentos por um período definido e propósito específico. Tem sido praticado pela humanidade em praticamente todas as épocas, nações, culturas e religiões. Pode ser com finalidade espiritual ou até mesmo medicinal, visto que o jejum traz tremendos benefícios físicos com a desintoxicação que produz no corpo. Mas nosso enfoque é o jejum bíblico.

Muitos cristãos hoje desconhecem o que a Bíblia diz acerca do jejum. Ou receberam um ensino distorcido ou não receberam ensinamento algum sobre este assunto.

Creio que a Igreja de hoje vive dividida entre dois extremos: aqueles que não dão valor algum ao jejum e aqueles que se excedem em suas ênfases sobre ele. Penso que Deus queira despertar-nos para a compreensão e prática deste princípio que, sem dúvida, é uma arma poderosa para o cristão.

Não há regras fixas na Bíblia sobre quando jejuar ou qual tipo de jejum praticar, isto é algo pessoal. Mas a prática do jejum, além de ser recomendação bíblica, traz consigo alguns princípios que devem ser entendidos e seguidos.

A BÍBLIA ORDENA O JEJUM ?

Não. No Velho Testamento, na lei de Moisés, os judeus tinham um único dia de jejum instituído: o do Dia da Expiação (Lv.23:27), que também ficou conhecido como "o dia do jejum" (Jr.36:6) e ao qual Paulo se referiu como "o jejum" (At.27:9).

Mas em todo o Velho e Novo Testamento não há uma única ordem acerca de jejuarmos. Contudo, apesar de não haver um imperativo acerca desta prática, a Bíblia esta cheia de menções ao jejum. Fala não apenas de pessoas que jejuaram e da forma como o fizeram, mas infere que nós também jejuaríamos e nos instrui na forma correta de faze-lo.

Muitos ensinadores falharam de maneira grave ao dizer que, por não haver nenhuma ordem específica para o jejum, então não devemos jejuar. Mas quando consideramos o ensino de Jesus sobre o jejum, não há como negar que o Mestre esperava que jejuássemos :

"Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." (Mt.6:16-18).

Embora Jesus não esteja mandando jejuar, suas palavras revelam que ele esperava de nós esta prática. Ele nos instruiu até na motivação correta que se deve ter ao jejuar. E quando disse que o Pai recompensaria a atitude correta do jejum, nos mostrou que tal prática produz resultados!

Algumas pessoas dizem que se as epístolas não dizem nada sobre jejuar é porque não é importante, e desprezam o ensino de Jesus sobre o jejum. Isto é errado! Jesus não veio ensinar os judeus a viverem bem a Velha Aliança, Ele veio instituir a Nova Aliança, e todos os seus ensinos apontavam para as práticas dos cidadãos do reino de Deus.

Quando estava para ser assunto ao céu, deu ordem aos seus apóstolos que ensinassem as pessoas a guardar TUDO o que Ele tinha ordenado (Mt.28:20), inclusive o modo correto de jejuar!

O próprio Jesus praticou o jejum, e lemos em Atos que os líderes da Igreja também o faziam. Registros históricos dos pais da igreja também revelam que o jejum continuou sendo observado como prática dos crentes muito tempo depois dos apóstolos. O jejum, portanto, deve ser parte de nossas vidas e praticado de forma equilibrada, dentro do ensino bíblico.

Embora o próprio Senhor Jesus tenha jejuado por quarenta dias e quarenta noites no deserto, e muitas vezes ficava sem comer (quer por falta de tempo ministrando ao povo - Mc.6:31, quer por passar as noites só orando sem comer - Mc.6:46), devemos reconhecer que Ele e seus discípulos não observavam o jejum dos judeus de seus dias (exceto o do dia da Expiação).

Era costume dos fariseus jejuar dois dias por semana (Lc.18:12), mas Jesus e seus discípulos não o faziam. Aliás chegaram a questionar Jesus acerca disto:

"Disseram-lhe eles: Os discípulos de João e bem assim os fariseus freqüentemente jejuam e fazem orações; os teus, entretanto, comem e bebem. Jesus, porém, lhes disse: Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento, enquanto está com eles o noivo? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim, jejuarão." (Lc.5:33-35).

O Mestre mostrou não ser contra o jejum, e disse que depois que Ele fosse "tirado" do convívio direto com os discípulos (voltando ao céu) eles haveriam de jejuar. Jesus não se referiu ao jejum somente para os dias entre sua morte e ressurreição/reaparição aos discípulos (ao mencionar os dias que eles estariam sem o noivo), e sim aos dias a partir de sua morte.

Contudo, Jesus deixou bem claro que a prática do jejum nos moldes do que havia em seus dias não era o que Deus esperava. A motivação estava errada, as pessoas jejuavam para provar sua religiosidade e espiritualidade, e Jesus ensinou a faze-lo em secreto, sem alarde.

Sabe, o jejum pode ser uma prática vazia se não for feito de maneira correta. Isto aconteceu nos dias do Velho Testamento, quando o povo começou a indagar:
"Por que jejuamos nós, e não atentas para isto? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta?" (Is.58:3a).

E a resposta de Deus foi exatamente a de que estavam jejuando de maneira errada:
"Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e para rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a vossa voz no alto." (Is.58:3b,4).

Por outro lado, o versículo está inferindo que se observado de forma correta, Deus atentaria para isto e a voz deles seria ouvida.

O PROPÓSITO DO JEJUM

Gosto de uma afirmação de Kenneth Hagin acerca do jejum: "O jejum não muda a Deus. Ele é o mesmo antes, durante e depois de seu jejum. Mas, jejuar mudará você. Vai lhe ajudar a manter-se mais suscetível ao Espírito de Deus". O jejum não tornará Deus mais bondoso ou misericordioso para conosco, ele está ligado diretamente a nós, à nossa necessidade de romper com as barreiras e limitações da carne. O jejum deixará nosso espírito atento pois mortifica a carne e aflige nossa alma.

Jesus deixou-nos um ensino precioso acerca disto quando falava sobre o jejum:
"Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos." (Mc.2:22).

O odre era um recipiente feito com pele de animais, que era devidamente preparada mas, com o passar do tempo envelhecia e ressecava. O vinho, era o suco extraído da uva que fermentava naturalmente dentro do odre. Portanto, quando se fazia o vinho novo, era sábio colocá-lo num recipiente de pele (o odre) que não arrebentasse na hora em que o vinho começasse a fermentar, e o melhor recipiente era o odre novo.

Com essa ilustração Jesus estava ensinado-nos que o vinho novo que Ele traria (o Espírito Santo) deveria ser colocado em odres novos, e o odre (ou recipiente do vinho) é nosso corpo. A Bíblia está dizendo com isto que o jejum tem o poder de "renovar" nosso corpo. A Escritura ensina que a carne milita contra o espírito, e a melhor maneira de receber o vinho, o Espírito, é dentro de um processo de mortificação da carne.

Creio que o propósito primário do jejum é mortificar a carne, o que nos fará mais suscetíveis ao Espírito Santo. Há outros benefícios que decorrerão disto, mas esta é a essência do jejum.

Alguns acham que o jejum é uma "varinha de condão" que resolve as coisas por si mesmo, mas não podemos ter o enfoque errado. Quando jejuamos, não devemos crer NO JEJUM, e sim em Deus. A resposta às orações flui melhor quando jejuamos porque através desta prática estamos liberando nosso espírito na disputada batalha contra a carne, e por isso algumas coisas acontecem.

Por exemplo, a fé é do espírito e não da carne; portanto, ao jejuar estamos removendo o entulho da carne e liberando nossa fé para se expressar.

Quando Jesus disse aos discípulos que não puderam expulsar um demônio por falta de jejum (Mt.17:21), ele não limitou o problema somente a isto mas falou sobre a falta de fé (Mt.17:19,20) como um fator decisivo no fracasso daquela tentativa de libertação.

O jejum ajuda a liberar a fé! O que nos dá vitória sobre o inimigo é o que Cristo fez na cruz e a autoridade de seu nome. O jejum em si não me faz vencer, mas libera a fé para o combate e nos fortalece, fazendo-nos mais conscientes da autoridade que nos foi delegada.

Mas apesar do propósito central do jejum ser a mortificação da carne, vemos vários exemplos bíblicos de outros motivos para tal prática:

a) No Velho Testamento encontramos diferentes propósitos para o jejum:

Consagração – O voto do nazireado envolvia a abstinência/jejum de determinados tipos de alimentos (Nm.6:3,4);

Arrependimento de pecados – Samuel e o povo jejuando em Mispa, como sinal de arrependimento de seus pecados (I Sm.7:6, Ne.9:11);

Luto – Davi jejua em expressão de dor pela morte de Saul e Jônatas, e depois pela morte de Abner. (II Sm.1:12 e 3:35);

Aflições – Davi jejua em favor da criança que nascera de Bate-Seba, que estava doente, à morte (II Sm.12:16-23); Josafá apregoou um jejum em todo Judá quando estava sob o risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas (II Cr.20:3);

Buscando Proteção – Esdras proclamou jejum junto ao rio Ava, pedindo a proteção e benção de Deus sobre sua viagem (Ed.8:21-23); Ester pede que seu povo jejue por ela, para proteção no seu encontro com o rei (Et.4:16);

Em situações de enfermidade – Davi jejuava e orava por outros que estavam enfermos (Sl.35:13);

Intercessão – Daniel orando por Jerusalém e seu povo (Dn.9:3, 10:2,3)

b) Nos Evangelhos

Preparação para a Batalha Espiritual – Jesus mencionou que determinadas castas só sairão por meio de oração e jejum, que trazem um maior revestimento de autoridade (Mt.17:21);

Estar com o Senhor – Ana não saía do templo, orando e jejuando freqüentemente (Lc.2:37);

Preparar-se para o Ministério – Jesus só começou seu ministério depois de ter sido cheio do Espírito Santo e se preparado em jejum (prolongado) no deserto (Lc.4:1,2);

c) Em Atos dos Apóstolos vemos a Igreja praticando o jejum em diversas situações, tais como:

Ministrar ao Senhor – Os líderes da igreja em Antioquia jejuando apenas para adorar ao Senhor (At.13:2);

Enviar ministérios – Na hora de impor as mãos e enviar ministérios comissionados (At.13:3);

Estabelecer presbíteros – Além de impor as mãos com jejum sobre os enviados, o faziam também sobre os que recebiam autoridade de governo na igreja local, o que revela que o jejum era um princípio praticado nas ordenações de ministros (At.14:23).

d) Nas Epístolas só encontramos menções de Paulo de ter jejuado (II Co.6:3-5; 11:23-27).

DIFERENTES FORMAS DE JEJUM

Há diferentes formas de jejuar. As que encontramos na Bíblia são:

a) Jejum PARCIAL. Normalmente o jejum parcial é praticado em períodos maiores ou quando a pessoa não tem condições de se abster totalmente do alimento (por causa do trabalho, por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum no livro de Daniel:

"Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se passaram as três semanas." (Dn.10:2,3).

O profeta Daniel diz exatamente o quê ficou sem ingerir: carne, vinho e manjar desejável. Provavelmente se restringiu à uma dieta de frutas e legumes, não sabemos ao certo.

O fato é que se absteve de alimentos, porém não totalmente. E embora tenha escolhido o que aparentemente seja a forma menos rigorosa de jejuar, dedicou-se à ela por três semanas.

Em outras situações Daniel parece ter feito um jejum normal (Dn.9:3), o que mostra que praticava mais de uma forma de jejum. Ao fim deste período, um anjo do Senhor veio a ele e lhe trouxe uma revelação tremenda. Declarou-lhe que desde o primeiro dia de oração o profeta já fora ouvido (v.12), mas que uma batalha estava sendo travada no reino espiritual (v.13) o que ocorreria ainda no regresso daquele anjo (v.20). Aqui aprendemos também sobre o poder que o jejum tem nos momentos de guerra espiritual.

b) Jejum NORMAL. É a abstinência de alimentos mas com ingestão de água. Foi a forma que nosso Senhor adotou ao jejuar no deserto. Cresci ouvindo sobre a necessidade de se jejuar bebendo água; meu pai dizia que no relato do evangelho não há menção de Cristo ter ficado sem beber ou ter tido sede (e ele estava num deserto!):

"Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome." (Mt.4:2).

Denominamos esta forma de jejum como normal, pois entendemos ser esta a prática mais propícia nos jejuns regulares (como o de um dia).

c) Jejum TOTAL. É abstinência de tudo, inclusive de água. Na Bíblia encontramos poucas menções de ter alguém jejuado sem água, e isto dentro de um limite: no máximo três dias.

A água não é alimento, e nosso corpo depende dela a fim de que os rins funcionem normalmente e que as toxinas não se acumulem no organismo. Há dois exemplos bíblicos deste tipo de jejum, um no Velho outro no Novo Testamento:

Ester, num momento de crise em que os judeus (como povo) estavam condenados à morte por um decreto do rei, pede a seu tio Mardoqueu que jejuem por ela:

"Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci." (Et.4:16).

Paulo, na sua conversão também usou esta forma de jejum, devido ao impacto da revelação que recebera:

"Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu."(At.9:9).

Não há qualquer outra menção de um jejum total maior do que estes (a não ser o de Moisés e Elias numa condição diferente que explicaremos adiante). A medicina adverte contra um período de mais de três dias sem água, como sendo nocivo.

Devemos cuidar do corpo ao jejuar e não agredi-lo; lembre-se de que estará lutando contra sua carne (natureza e impulsos) e não contra o seu corpo.

A DURAÇÃO DO JEJUM

Quanto tempo deve durar um jejum? A Bíblia não determina regras deste gênero, portanto cada um é livre para escolher quando, como e quanto jejua.

Vemos vários exemplos de jejuns de duração diferente nas Escrituras:

1 dia - O jejum do Dia da Expiação
3 dias - O jejum de Ester (Et.4:16) e o de Paulo (At.9:9);
7 dias - Jejum por luto pela morte de Saul (I Sm.31:13);
14 dias - Jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio (At.27:33);
21 dias - O jejum de Daniel em favor de Jerusalém (Dn.10:3);
40 dias - O jejum do Senhor Jesus no deserto (Lc.4:1,2);

OBS: A Bíblia fala de Moisés (Ex.34:28) e Elias (I Re.19:8) jejuando períodos de quarenta dias. Porém vale ressaltar que estavam em condições especiais, sob o sobrenatural de Deus. Moisés nem sequer bebeu água nestes 40 dias, o que humanamente é impossível. Mas ele foi envolvido pela glória divina.

O mesmo se deu com Elias, que caminhou 40 dias na força do alimento que o anjo lhe trouxe. Isto é um jejum diferente que começou com um belo "depósito", uma comida celestial. Jesus, porém, fez um jejum normal com esta duração.

Muitas pessoas erram ao fazer votos ligados à duração do jejum... Não aconselho ninguém fazer um voto de quanto tempo vai jejuar, pois isso te deixará "preso" no caso de algo fugir ao seu controle. Siga o conselho bíblico:

"Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes.

Melhor é que não votes do que votes e não cumpras". (Ec.5:4,5).

É importante que haja uma intenção e um alvo quanto à duração do jejum no coração, mas não transforme isto em voto. Já intentei jejuns prolongados e no meio do caminho fui forçado a interromper.

Mas também já comecei jejuns sem a intenção de prolongá-lo e, no entanto, isto acabou acontecendo mesmo sem ter feito os planos para isto.

O JEJUM PROLONGADO

Há algo especial num jejum prolongado, mas deve ser feito sob a direção de Deus (as Escrituras mostram que Jesus foi guiado pelo Espírito ao seu jejum no deserto – Lc.4:1). Conheço irmãos que tem jejuado por trinta e até quarenta dias, embora eu, pessoalmente, não tenha feito um jejum tão longo. Cada um deles confirma ter recebido de Deus uma direção para tal.

Vale ressaltar também que certos cuidados devem ser tomados. Não podemos brincar com o nosso corpo. Uma dieta para desintoxicação do organismo antes do jejum é recomendada, e também na quebra do jejum prolongado (mais de 3 dias).

Procure orientação e acompanhamento médico se o Senhor lhe dirigir a um jejum deste gênero. Há muita instrução na forma de literatura que também pode ser adquirida.

PODEMOS FALAR QUE ESTAMOS JEJUANDO ?

Algumas pessoas são extremistas quanto a discrição do jejum, enquanto outras, à semelhança dos fariseus, tocam trombeta diante de si.

Em Mateus 6:16-18, Jesus condena o exibicionismo dos fariseus querendo parecer contristados aos homens para atestar sua espiritualidade.

Ele não proibiu de se comentar sobre o jejum, senão a própria Bíblia estaria violando isto ao contar o jejum que Jesus fez... Como souberam que Cristo (que estava sozinho no deserto) fez um jejum de quarenta dias? Certamente porque Ele contou!

Não saiu alardeando perante todo mundo, mas discretamente repartiu sua experiência com os seus discípulos.

Eu, particularmente, comecei a jejuar estimulado pelo relato das experiências de outros irmãos. Depois é que comecei (aos poucos) a entender o ensino bíblico sobre o jejum. E louvo a Deus pelas pessoas que me estimularam!

Sabe, precisamos tomar cuidado com determinadas pessoas que não tem o que acrescentar à nossa edificação e somente atacam e criticam.

Lembro-me que o primeiro jejum que fiz na minha adolescência: cortei só o almoço mas tomei um refrigerante para não "sofrer" muito; fiz isto para orar por um amigo que queria ver batizado no Espírito Santo. Aquele rapaz já havia recebido tanta oração, mas nada havia acontecido ainda.

Portanto, jejuei e orei em seu favor. Hoje sei que não foi grande coisa mas, na época, foi o meu melhor. Pois bem, alguém ficou sabendo e me ridicularizou, disse que jejum de verdade era ficar o dia todo sem comer nada e bebendo no máximo um pouco de água; esta pessoa disse que eu estava perdendo meu tempo e que só fizera um "regimezinho", pois o verdadeiro jejum não admitia nem bala açucarada na boca, quanto mais um refrigerante!... mas naquele dia meu amigo foi cheio do Espírito Santo e preferi acreditar que o jejum funcionava.

Depois ouvi outros irmãos comentarem sobre jejuar mais de um dia e "fui atrás" , e assim, aos poucos, fui aprendendo (a jejuar e sobre o jejum) aquilo que não aprendi na igreja ou na literatura cristã. Penso que de forma sábia e cuidadosa podemos estimular outros à prática do jejum, basta partilharmos nossas experiências e incentiva-los.

CONCLUINDO

Haverá períodos em que o Espírito Santo vai nos atrair mais para o jejum, e épocas em que quase não sentiremos a necessidade de faze-lo. Já passei anos sem receber nenhum impulso especial para jejuns de mais de três dias e, mesmos estes, foram poucos.

E houve épocas em que, seguidamente sentia a necessidade de faze-lo. Porém, penso que o jejum normal de um dia de duração é algo que os cristãos deveriam praticar mais, mesmo sem sentir nenhuma "urgência" espiritual para isto.

Quando meu filho Israel estava para nascer, o Senhor trouxe um profundo peso de oração e intercessão ao meu coração. Sabia que devia jejuar; era uma "urgência" dentro de mim.

Não ouvi uma voz sobrenatural, não tive nenhuma visão ou sonho a respeito, simplesmente sabia que tinha de jejuar até romper algo, e o fiz por seis dias. Ao final soube que havia alcançado uma vitória.

Na ocasião do parto, minha esposa teve uma complicação e quase perdemos nosso primeiro filho; contudo, a batalha já havia sido ganha e o poder de Deus prevaleceu. Devemos ser sensíveis e seguir os impulsos do Espírito de Deus nesta área.

Isto vale não só para começar a jejuar mas até para quebrar o jejum. Já fiz jejuns que queria prolongar mais e senti que não deveria faze-lo, pois a motivação já não era mais a mesma...

Encerro desafiando-o a praticar mais o jejum, e certamente você descobrirá que o poder desta arma que o Senhor nos deu é difícil de se medir com palavras. A experiência fortalecerá aquilo que temos dito. Que o Senhor seja contigo e te guie nesta prática!

TESTEMUNHO DE CRISTO:

“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra”. - Atos 1:8

Esta é uma palavra do Senhor Jesus dada aos seus apóstolos após sua ressurreição e antes de sua ascensão gloriosa. Contudo, não se limitava só a eles, é uma palavra que foi dada a toda Igreja. Como eles compunham o grupo inicial da Igreja, a receberam, mas esta palavra ainda revela o plano e vontade de Deus para todo cristão. Nenhum de nós foi ganho para Jesus para ficar sem fazer nada. Pedro exortou os cristãos em sua segunda epístola, mostrando-lhes que Deus não quer que sejamos “ociosos e infrutíferos” (II Pe.1:8). Temos uma responsabilidade a exercer. Fomos alcançados com um propósito:

“... mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui alcançado por Cristo Jesus”. - Filipenses 3:12

Paulo declarou que devemos alcançar aquilo para o qual fomos alcançados. Usamos um lema na igreja que pastoreio: “alcançados para alcançar”. Entendemos que Jesus nos alcançou não só para nos livrar da condenação eterna e nos levar para a glória celestial, mas também para que possamos cumprir Seu propósito aqui na terra, nesta vida.

Depois de nos alcançar, Deus colocou um alvo diante de cada um de nós: precisamos crescer e nos conformar com a imagem de Jesus e precisamos frutificar enquanto caminhamos dentro deste processo. O plano revelado de Jesus a Sua Igreja foi o de fazer de cada um de nós suas testemunhas. Vivemos para isto, e se nossa vida cristã não está servindo a este propósito é porque precisa ser remodelada ao padrão divino.

DEFINIÇÃO DE TESTEMUNHA

Durante muito tempo tive um conceito errado do que é ser uma testemunha de Cristo. De alguma forma, talvez pela ênfase das igrejas nesta direção, associei o verbo “testemunhar” a “pregar” ou “evangelizar”. Sei que o resultado do testemunho que os apóstolos levavam eram gente sendo evangelizada e que aproveitavam muito bem suas oportunidades de testemunhar para proclamar a palavra de Deus, mas testemunhar não é pregar nem tampouco evangelizar. Quando os líderes religiosos do judaísmo tentaram proibir os apóstolos de falarem de Jesus, a resposta dada por eles mostra que eles entendiam muito bem o significado de ser uma testemunha de Cristo:

“Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido”. - Atos 4:20

Para eles não se tratava simplesmente de pregar, mas sim de contar tudo o que viram e ouviram. É isto que uma testemunha faz! Quando Paulo recebeu a comissão de ser uma testemunha de Cristo, foi colocado debaixo do mesmo encargo de falar daquilo que veria e ouviria:

“Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido”. - Atos 22:15

Já testemunhei em processos legais mais de uma vez, e sei muito bem porque somos intimados a falar; não se trata de uma oportunidade de emitir uma opinião sobre algo, mas sim do dever de falar estritamente daquilo que você viu e ouviu. Você expõe fatos que você viveu. Ninguém tem autoridade para testemunhar com base no que outros viram, e sim naquilo que ele próprio viu. Isto é testemunhar. Jesus não considerou seus discípulos aptos a testemunhar somente pelo fato de o terem visto ressuscitado. Isto tinha muito peso, mas não bastava. Se testemunha de Cristo fosse só quem o viu ressuscitado, então a maioria dos crentes jamais poderia cumprir este papel, pois como declarou o apóstolo Pedro:

“A quem [Jesus], sem o terdes visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com gozo inefável e cheio de glória”. - I Pedro 1:8

Nosso relacionamento com o Senhor Jesus Cristo é pela fé. Isto significa que podemos caminhar com Ele sem a necessidade de vê-lo e que não devemos esperar que isto aconteça com ninguém, embora Deus, em sua soberania, possa revela-lo desta forma gloriosa a alguém. Mas este não é o padrão. Então, o que Ele disse que tornaria seus discípulos aptos a testemunhar era uma experiência que se repete conosco ainda hoje! Ele disse: “recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo”. Há uma ligação entre o poder do Espírito vindo sobre minha vida e o testemunho que terei para dar, porque é justamente a ação d´Ele em minha vida que me permitirá mostrar aos outros que Jesus vive em mim. Nosso testemunho é fruto de uma “parceria” entre nós e o Espírito Santo. Não é uma tarefa unicamente nossa e nem tampouco só dele; Jesus falou sobre isto:

“Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade que do Pai procede, esse dará testemunho de mim; e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio”. - João 15;26,27

Veja bem, se testemunhar é falar do que vimos e ouvimos, então o que mais precisamos é que o Espírito Santo nos leve a provar o poder do Jesus ressurreto em nossa vida. Vejo este princípio aparecer também numa outra afirmação, desta vez de Pedro:

“E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”. - Atos 5:32

Fui batizado no Espírito Santo aos quinze anos de idade, e a conseqüência principal disto não foi apenas a de que Ele me deu autoridade para pregar, mas comecei a ter experiências com seu poder. Jesus passou a ser comprovadamente vivo em minha vida! Passei a ver o poder de Deus de diversas maneiras. Primeiro minha vida mudou e comecei a refletir o Jesus de quem eu ouvira desde criança, mas que não conseguia demonstrar em minha vida. Em segundo lugar, comecei a ver respostas às orações, livramentos, provisões e outros tantos milagres e intervenções do Senhor. Depois, algumas coisas começaram a acontecer quando eu orava por cura e libertação; as pessoas realmente eram tocadas pelo poder de Deus e eu lhes dizia: “Está vendo? Esta é a prova de que Jesus está vivo e se importa com você!”

Quando falo de Jesus para alguém, não apresento apenas o plano de salvação e a mensagem do arrependimento. Mostro, testemunhando o que Deus tem feito em minha vida, que Jesus está vivo. Quando falo que Cristo cura, conto as curas que já recebi, as que Deus operou na minha família e muito das que Ele efetuou por meu intermédio. O problema de muitos crentes hoje é que eles não tem nada para contar!

Já disse que um testemunho não é aceito quando apenas retrata algo que outro viu e ouviu. Se a polícia souber de alguém que é testemunha de um crime, não vai encher as páginas de um inquérito com o que alguém disse saber da boca da testemunha, vai chamar a própria testemunha para depor! Mas muitos crentes não testemunham de Jesus, contam apenas o testemunho de outros...

O que precisamos é do poder do Espírito atuando em nossa vida. Foi a isto que Jesus se referiu ao dizer que o poder do Espírito Santo desceria sobre nós. Precisamos buscar não só a unção para pregar, mas o poder que funciona em nossa vida. Então, quando abrirmos nossa boca, estaremos falando não só do que está escrito na Palavra de Deus, mas de como tudo aquilo se tornou real para nós!

VIVER PREGANDO X PREGAR VIVENDO

Há uma enorme diferença entre viver pregando e pregar vivendo. Alguns se tornaram pregadores de Cristo. Falam sobre Ele e o que Ele tem feito, mas não demonstram isto em suas vidas. Outros demonstram isto por meio de sua vida e dispensam até mesmo palavras:

“Semelhantemente vós, mulheres, sede submissas a vossos próprios maridos; para que também, se alguns deles não obedecem à Palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres, considerando sua vida casta, em temor”. - I Pedro 3:1,2

Acredito que muitas vezes só deveríamos falar de Jesus depois que nossa própria vida conseguiu chamar a atenção dos outros. Pedro também ensinou sobre isto:

“Antes santificai a Cristo como Senhor em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. - I Pedro 3:15

O propósito deste ensino é despertá-lo a buscar o poder do Espírito Santo em sua vida. Sem ele, jamais chegaremos a ser o que Deus quer que sejamos: testemunhas eficazes. Somente pelo poder do Espírito é que romperemos numa vida cristã vitoriosa e frutífera. E quando isto acontecer, basta compartilharmos com outros o que nós temos vivido... Acredito que o processo de nos tornar testemunhas envolve três estágios distintos:
Primeiro o poder de Deus deve agir em nós

Depois contamos aos outros o que experimentamos

Então Deus confirma este testemunho com sinais

TESTEMUNHANDO O QUE PROVAMOS

Já falamos sobre buscar primeiramente a ação do poder de Deus em nós; agora quero falar sobre a importância de repartir isto com outros. Quando Jesus libertou o endemoninhado gadareno, aquele homem quis acompanha-lo em suas viagens e segui-lo, mas o Mestre lhe fez outra proposta:

“Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam”. - Marcos 5:19,20

Qual era o assunto que este homem deveria abordar ao conversar com as pessoas? Sua única mensagem era dizer o que Cristo lhe havia feito e com isto comunicar o que Deus queria fazer em favor de cada um dos homens. Quando falamos daquilo que provamos o impacto é muito maior nos que nos ouvem. O mesmo se deu com aquela mulher samaritana que Jesus encontrou junto ao poço de Jacó:

“Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; será este, porventura, o Cristo? Saíram, pois, da cidade e vinham ter com ele...muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito”. - João 4:28-30 e 39

No início, as pessoas foram atrás de Jesus por causa da experiência dela; depois, isto já não foi mais necessário, pois começaram a ter suas próprias experiências:

“E muitos mais creram por causa da palavra dele; e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo”. - João 4:41,42

OS SINAIS QUE SE SEGUEM

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. Eles, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam”. - Marcos 16:15-20

Deus prometeu que avalizaria nosso testemunho com mais provas ainda. Mas o processo de nos fazer testemunhas segue, como já afirmei, um ciclo. Primeiro provamos o poder de Deus e temos nossas experiências, depois as contamos. E quando testemunhamos o que provamos, Deus fará mais para aqueles que nos ouvem. O livro de Atos também nos mostra Deus honrando o testemunho dos apóstolos:

“Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”. - Atos 4:33

Muitos cristãos têm tentado entrar direto neste estágio final sem permitir que o processo se estabeleça em sua própria vida no padrão que Deus estabeleceu. Mas nunca acontecerá assim! O estágio final é quando Deus coopera conosco (que já provamos o poder) e avaliza o testemunho com mais sinais. Foi exatamente assim que se deu com os apóstolos:

“Testificando Deus juntamente com eles, por sinais e prodígios, e por múltiplos milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a sua vontade”. - Hebreus 2:4

É hora da Igreja romper em sinais e milagres. Mas primeiro precisamos levar os cristãos a entenderem a importância de, individualmente, experimentar o poder de Deus, para depois rompermos numa demonstração maior do poder de Deus (I Co.2:4).

Acredito que neste momento o que mais precisamos é nos voltar para o Senhor em oração, do mesmo jeito que os apóstolos fizeram no início (At.1:14). Isto desencadeará nossa própria experiência com o poder do Espírito Santo que, por sua vez, quando compartilhada, gerará ainda mais sinais para os outros. Foi assim com os apóstolos; depois de 10 dias perseverando em oração no cenáculo, foram cheios do Espírito Santo:

“E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito concedia que falassem”. - Atos 2:4

Depois, ao testemunhar de Jesus na casa de Cornélio, Pedro vê Deus avalizar seu testemunho dando àquele grupo a mesma evidência do derramar do Espírito, a ponto de Pedro comparar a experiência deles com a sua própria:

“Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo?” - Atos 10:47

Tenho provado isto em minha própria vida. Os sinais e evidências que eu mesmo passei a provar ao ser cheio do Espírito Santo são reproduzidos hoje por meio de meu ministério em favor de outras pessoas. Experiências novas começaram a acontecer e demonstrar em minha vida que de fato Jesus está vivo e presente ao nosso lado todos os dias. Sem isso (mesmo tendo crescido no evangelho e sabendo expor de cor o plano de salvação) eu não seria uma testemunha eficiente.

Meu desejo é que sua vida seja um reflexo da ação do Espírito Santo, mostrando assim que Jesus Cristo de fato está vivo. Que ao pregar, você possa falar não só daquilo que você soube dele, e sim daquilo que tem provado. E se você não tem provado muito, está na hora de se despertar e cumprir com sua responsabilidade de busca-lo até que Seu poder atue em sua vida a ponto de fazer de você uma testemunha eficaz! Muitos estão adormecidos e suas vidas não refletem o propósito de seu chamado. Para estes, o Espírito Santo diz:

“Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará “. - Efésios 5:14

CONHECENDO A CRISTO:

“Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, contudo, já não o conhecemos desse modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. - II Coríntios 5:16,17

zO versículo 17 fala sobre transformação, que é a essência do Evangelho, mas não aparece na Bíblia como um texto isolado; ele está intimamente ligado ao versículo 16, que fala sobre conhecer a Cristo. Acredito que os dois assuntos estão vinculados entre si. Toda transformação experimentada pelo crente vem em função do conhecimento que ele tem de Jesus Cristo. Há dois diferentes níveis de conhecimento mencionados pelo apóstolo Paulo no versículo 16:

O conhecimento “segundo a carne”, que pertence à dimensão natural.
O conhecimento “de um outro modo”, que por ser diferente do primeiro, e mencionado em outros lugares da Bíblia, denominamos como “conhecimento espiritual”, ou ainda de “revelação”.
Paulo declara que a forma correta de se conhecer a Cristo é esta segunda. E depois de ter feito esta afirmação é que ele fala sobre o ser nova criatura, porque isto é uma conseqüência de se conhecer a Cristo “de um outro modo”.

CONHECIMENTO SEM TRANSFORMAÇÃO

Há pessoas que conheceram a Jesus de perto, até mesmo de forma íntima, e nunca chegaram a provar o seu poder transformador. Um exemplo claro disto é Judas Iscariotes, que depois de passar anos andando com Cristo, ainda assim o traiu. E seu pecado não foi somente no momento da traição, senão poderíamos até concluir que ele falhou somente nesta hora; mas João declarou em seu evangelho que Judas era ladrão e roubava o que era lançado na bolsa (Jo.12:6); e esta informação demonstra que ele nunca foi transformado de fato.

Alguém pode chegar a conhecer muita coisa sobre Cristo sem nunca ter conhecido a Cristo! As igrejas evangélicas estão cheias de gente religiosa, que foi bem ensinada sobre como ser um “bom cristão”, mas que não manifestam transformação alguma em suas vidas! São sempre as mesmas, e não há evidências de mudança genuína. Isto se deve à falta de revelação que acompanha uma verdadeira experiência com Cristo.

Quando Paulo escreveu a Timóteo, seu filho na fé, falou acerca de algumas pessoas que estavam vivendo uma vida “não transformada”:

“Elas estão sempre aprendendo, e jamais conseguem chegar ao pleno conhecimento da verdade”. - II Timóteo 3:7

OS IRMÃOS DE JESUS

Outro exemplo de conhecimento sem transformação (segundo a carne) pode ser visto nos irmãos de Jesus. Muitos de nós temos dificuldade de enxergar isto por causa da herança católica que recebemos de que Maria foi sempre virgem, mas este não é o ensino bíblico. A Palavra de Deus declara que José e Maria não se envolveram fisicamente enquanto Jesus não nasceu. Veja o que diz a Escritura Sagrada:

“E José, despertando do sonho, fez o como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher, e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de Jesus”. - Mateus 1:24,25

Um outro texto bíblico menciona os nomes dos irmãos de Jesus:

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele”. - Marcos 6:3

A tradição católica afirma tratar-se de uma outra Maria, e que a palavra “irmão” neste texto não deveria ser entendida literalmente, mas o contexto do versículo é indiscutível: Jesus estava em Nazaré, sua cidade, no meio de conhecidos e familiares, portanto não há dúvida alguma de o reconheceram (com sua família) de fato.

Não temos os nomes de suas irmãs, mas quatro de seus irmãos são mencionados, o que nos faz saber que sua família era grande. E a Bíblia declara que seus irmãos não criam nele:

“Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui e vai para Judéia, para que também os seus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes essas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele”. - João 7:3-5

Em outras palavras, poderíamos dizer que os irmãos de Jesus lhe diziam algo assim: - “Você não é o bom? Não quer aparecer? Então vá fazer seus sinais onde a multidão está reunida!” Posso deduzir que havia muito sarcasmo e cinismo por trás desta afirmação dos irmãos do Senhor.

Um outro texto bíblico nos revela que houve uma ocasião em que os irmãos de Cristo quiseram até mesmo prendê-lo por achar que ele estava louco:

“E foram para casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal maneira que nem sequer podiam comer pão. E quando seus parentes ouviram isso, saíram para o prender, porque diziam: Está fora de si... Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando de fora, mandaram-no chamar”. - Marcos 3:20,21 e 31

Imagino que se houve pessoas que puderam conhecer bem a Cristo (segundo a carne), foram justamente seus irmãos. Mas só o conhecimento natural não foi suficiente para transforma-los. Em Nazaré muitos também o conheceram sem provar transformação.

REVELAÇÃO

O verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo só se atinge por revelação, não é transmitido segundo a carne. O próprio Jesus afirmou que o apóstolo Pedro só chegou a conhece-lo devido à uma revelação:

“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? E eles disseram: Uns, João batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo disse-lhe: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus”. - Mateus 16:13-17

O que Paulo não conseguiu entender com sua mente mudou quando Jesus apareceu a ele! Há muitos exemplos bíblicos e também à nossa volta que confirmam isto. Sem uma revelação acerca de Jesus alguém pode crescer dentro de uma igreja, receber toda uma formação religiosa e até saber tudo acerca de Jesus, e mesmo assim, nunca ser transformado.

TRANSFORMAÇÃO POR UM "NOVO" CONHECIMENTO

Porém, quando esta pessoa consegue sair da dimensão de mero conhecimento intelectual e entrar numa dimensão de revelação, sua vida será drasticamente mudada. Penso que esta é uma das maiores necessidades da igreja de nossos dias.

Tiago, o irmão do Senhor (Gl.1:19) é um exemplo disto. Tanto ele como seus irmãos, não criam em Jesus. Até o momento da morte de Jesus eles sustentaram esta posição, pois não os vemos mencionados nos Evangelhos como estando por lá. E ainda reforça esta idéia o fato de que Maria estava sozinha, razão pela qual Jesus confiou o cuidado dela a João (Jo.19:26).

Só que algo aconteceu depois da morte e ressurreição de Jesus. Não temos um relato detalhado, só a menção do que houve. Mas sabemos que algo aconteceu, e que isto mudou para sempre a vida de Tiago:

“Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos”. - I Coríntios 15:7

E aquele Tiago cínico que provocava Jesus, que quis prende-lo, que não cria nele, mudou completamente. Não mudou pelo conhecimento segundo a carne de toda uma vida fisicamente próximo de Jesus, mas quando provou uma revelação do Cristo ressurreto, tudo mudou! Acredito que esta revelação foi o marco desta mudança, pois ele já passou a ser mencionado entre os que estavam reunidos no Cenáculo (At.1:14) por ocasião do Pentecostes. E Tiago se tornou uma das colunas da Igreja em Jerusalém, mencionado antes mesmo de Pedro e João:

“E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão”. - Gálatas 2:9

Por ocasião do Concílio de Jerusalém, vemos todos falando sobre o motivo da controvérsia da circuncisão ser aplicada ou não aos gentios. Pedro fala, até Paulo se levanta com Barnabé e também falam, mas é quando Tiago se levanta e fala que o assunto se dá por encerrado e concluído. Que diferença entre o irmão de Jesus visto nos Evangelhos e este grande líder que ele veio a ser!

Ele ganhou muito respeito e admiração não por ter sido irmão do Senhor, mas certamente pela vida que vivia em Deus. Pela linguagem adotada em sua epístola, percebemos que Tiago era um homem de liderança forte e que não poupava confrontos. O motivo pelo qual Pedro foi repreendido por Paulo em Antioquia foi mudar de comportamento quando chegaram alguns da parte de Tiago:

“E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois, que chegaram, se foi se retirando e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão”. - Gálatas 2:11 e 12

Porque Pedro temeria os da parte de Tiago? Certamente pela sua liderança e influência que veio a ter entre os crentes de Jerusalém, Pedro preferia evitar confrontos com ele. Isto tudo indica o homem de Deus que Tiago passou a ser depois de ter recebido sua revelação do Cristo ressurreto.

TRANSFORMAÇÃO ESTAGNADA

Diferentemente do primeiro grupo mencionado, que nunca teve uma transformação, há muitos dentro das igrejas que tiveram uma experiência inicial de transformação. Contudo, de alguma forma, com o passar do tempo, estagnaram na fé e na experiência e não percebem mais diferença alguma em suas vidas. O que os impediu de continuarem provando a transformação?

Certamente não foi por não conhece-la, pois estas pessoas são justamente aquelas que se encontram insatisfeitas, desejosas de mudança, uma vez que já provaram-na um dia. E é preciso ressaltar que, sob circunstância alguma podemos admitir a ausência do processo de transformação, uma vez que “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv.4:18). Ninguém é transformado instantaneamente. Algumas áreas de nossa vida podem ser impactadas e mudadas mais rapidamente, porém não será assim em todas as áreas. Se o processo de transformação estagnou, é porque a revelação de Cristo em nossa vida também estagnou.

Precisamos retomar a busca pelo conhecimento revelado em nossas vidas, pois somente assim avançaremos no processo de transformação. A palavra grega traduzida por revelação, do grego “appocalipse”, significa: “remover o véu”. Indica a remoção de um empecilho à visão que, em nosso caso, é a dificuldade de entender as coisas espirituais.

“Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. - I Coríntios 2:14

Somente pela ação do Espírito Santo em nossas vidas podemos penetrar esta dimensão de entendimento. Foi o que aconteceu conosco quando nos convertemos ao Senhor Jesus:

“Mas o entendimento lhes ficou endurecido. Pois até o dia de hoje, à leitura do velho pacto, permanece o mesmo véu, não lhes sendo revelado que em Cristo é ele abolido; sim, até o dia de hoje, sempre que Moisés é lido, um véu está posto sobre o coração deles. Contudo, convertendo-se um deles ao Senhor, é-lhe tirado o véu”. - II Coríntios 3:14-16

Só que, com o passar do tempo, muitos de nós nos inclinamos a uma busca de entendimento meramente intelectual (segundo a carne), e isto nos rouba o processo de transformação, que não se dá só por aquisição de informação, mas pelo impacto do Espírito Santo em nosso íntimo. Não podemos parar. Não podemos estagnar na revelação de Cristo!

CONHECIMENTO PROGRESSIVO

A Bíblia nos exorta em avançar no pleno conhecimento de Deus:

“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor...” - Oséias 6:3

Conhecer a Deus é um ato progressivo e contínuo. Veja o que Paulo declarou depois de anos de comunhão e intimidade com Cristo:

“Sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas as coisas, para que possa ganhar a Cristo... para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte, para ver se de alguma forma consigo chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui alcançado por Cristo Jesus”. - Filipenses 3:8,10-12

Se pararmos de avançar, não alcançaremos o propósito de Deus para nossa existência. Devemos crescer até a plenitude do conhecimento de Cristo:

“Para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus – Cristo, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. - Colossenses 2:2,3

Que o Pai Celeste nos ajude a prosseguir na revelação de seu Filho Jesus!
ENTENDENDO O PERDÃO:


“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”. - Mateus 5:23,24

A reconciliação não é algo a ser praticado somente entre nós e Deus, mas também para com nossos irmãos. Reconhecemos, que, à semelhança da cruz, também temos duas linhas do fluir da reconciliação: a vertical (o homem com Deus) e a horizontal (entre os homens). O mesmo perdão que recebemos de Deus deve ser praticado para com nossos semelhantes.

QUEM NÃO PERDOA NÃO É PERDOADO

O perdão (ou a falta dele) faz muita diferença na vida de alguém. A reconciliação horizontal determina se a vertical que recebemos de Deus vai permanecer em nossa vida ou não. A palavra de Deus é clara quanto ao fato de que se não perdoarmos a quem nos ofende, então Deus também não nos perdoará. Foi Jesus Cristo quem afirmou isto no ensino da oração do Pai-nosso:

“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. - Mateus 6:14,15

Deus tem nos dado seu perdão gratuitamente, sem que o merecêssemos, e espera que usemos do mesmo espírito misericordioso para com quem nos ofende. Se fluímos com o Pai Celestial no mesmo espírito perdoador, permanecemos na reconciliação alcançada pelo Senhor Jesus. Contudo, se nos negamos a perdoar, interrompemos o fluxo da graça de Deus em nossa vida, e nossa reconciliação vertical é comprometida pela ausência da horizontal. Cristo também nos advertiu com clareza sobre isto em uma de suas parábolas (faladas num contexto que envolvia o perdão):

“Por isso o reino dos céus é semelhante a um rei, que resolveu ajustar contas com os seus servos.

E passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos.

Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o seu senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, e que a dívida fosse paga.

Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo te pagarei.

E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e perdoou-lhe a dívida.

Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: paga-me o que me deves.

Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo e te pagarei.

Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.

Vendo os seus companheiros o que havia se passado, entristeceram-se muito, e foram relatar ao seu senhor tudo o que acontecera.

Então seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?

E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida.

Assim também o meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”. - Mateus 18:23-35

O significado desta ilustração dada por Jesus Cristo é muito forte. Temos um rei e dois tipos de devedores. Se a parábola ilustra o reino de Deus, então o rei figura o próprio Deus. O primeiro devedor tinha uma dívida impagável, enquanto que a do segundo estava ao seu alcance. Não há como comparar a dívida de cada um. Dez mil talentos da dívida do primeiro servo era o equivalente a cerca de 200.000 dias de trabalho, enquanto que os cem denários que o outro servo devia era o equivalente a apenas cem dias de trabalho. Esta diferença revela a dimensão da dívida que cada um de nós tinha para com Deus, e que, por ser impagável, estávamos destinados à prisão e escravidão eterna. Contudo, sem que fizéssemos por merecer, Deus em sua bondade, nos perdoou. Portanto, Ele espera que façamos o mesmo. O cristão que foi perdoado de seus pecados e recusa-se a perdoar um irmão – seu conservo no evangelho – terá seu perdão revogado.

Isto é muito sério. As ofensas das pessoas contra a gente não são nada perto das nossas ofensas que o Pai Celestial deixou de levar em conta. E a premissa bíblica é de que se pudemos ser perdoados por Ele, então também devemos perdoar a qualquer um que nos ofenda.

A FALTA DE PERDÃO É UMA PRISÃO

Quem não perdoa, está preso. Lemos em Mateus 18:34: “E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida”. A palavra verdugo significa “torturador”. Além de preso, aquele homem seria torturado como forma de punição. A prática do ministério nos revela que o que Jesus falou em figura nesta parábola é uma realidade espiritual na vida de quem não perdoa. Os demônios amarram a vida daqueles que retém o perdão. Suas torturas aplicadas são as mais diversas: angústia e depressão, enfermidades, debilidade física, etc.

Muita gente tem sofrido com a falta de perdão. Outro dia ouvi alguém dizendo que o ressentimento é o mesmo que você tomar diariamente um pouco de veneno, esperando que quem te magoou venha a morrer. A falta de perdão produz dano maior em quem está ferido do que naquele que feriu. Por isso sempre digo a quem precisa perdoar: - “Já não basta o primeiro sofrimento, porque acrescentar um outro maior (a mágoa)”?

Alguns acham que o perdão é um benefício para o ofensor. Porém, eu digo que o benefício maior não é o que foi dado ao ofensor, mas sim o que o perdão produz na vítima, naquele que está ferido. Sem perdão não há cura. A doença interior só se complica, e a saúde espiritual, emocional e física da pessoa ressentida é seriamente afetada. Em outra porção das Escrituras (onde o contexto dos versículos anteriores é o perdão), vemos o Senhor Jesus nos advertindo do mesmo perigo:

“Entra em acordo sem demora com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão.

Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”. - Mateus 5:25,26

Não sei exatamente como é está prisão, mas sei que Cristo não estava brincando quando falou dela. A falta de perdão me prende e pode prender a vida de mais alguém. Isto é um fato comprovado. Tenho presenciado gente que esteve presa por tantos anos, e ao decidir perdoar foi imediatamente livre. Isto também pode acontecer com você, basta decidir perdoar.

SEGUINDO O EXEMPLO DIVINO

Como deve ser o perdão?

A pessoa tem que pedir o perdão ou merecê-lo para poder ser perdoada? Não. Devemos perdoar como Deus nos perdoou:

“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”. - Efésios 4:32

O texto bíblico diz que nosso perdão e reconciliação horizontal deve seguir o exemplo da que Deus em Jesus praticou para conosco. Então, basta perguntar: - “Fizemos por merecer o perdão de Deus? Não. Então nosso ofensor também não precisa fazer por merecer”.

O perdão é um ato de misericórdia, de compaixão. Nada tem a ver com merecimento. O apóstolo Paulo falou aos efésios que o perdão é fruto de um coração compassivo e benigno. O perdão flui da benignidade do nosso coração, e não por haver ou não benignidade no ofensor.

Jesus disse que se eu souber que alguém tem algo contra mim, devo procurá-lo para tentar a reconciliação. Mesmo se tal pessoa não me procurar ou nem mesmo quiser falar comigo, tenho que ter a iniciativa, tenho que tentar.

Deus ofereceu perdão gratuito a todos, independentemente de qualquer comportamento, e Ele é nosso exemplo!

NÃO HÁ LIMITE DE VEZES PARA PERDOAR

Certa ocasião, o apóstolo Pedro quis saber o limite de vezes que existe para perdoar alguém. E foi surpreendido pela resposta que Cristo lhe deu:

“Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. - Mateus 18:21,22

O Senhor declarou que mesmo se alguém repetir sua ofensa contra mim por quatrocentos e noventa vezes, ainda deve ser perdoado. Na verdade, os comentaristas bíblicos em geral entendem que Jesus não estava se prendendo a números, mas tentando remover o limite imposto na mente dos discípulos para perdoar.

Fico pensando o que seria de nós sem a misericórdia de Deus. Quantas vezes Deus já nos perdoou? Quantas mais Ele vai nos perdoar? Se devemos perdoar como também Deus em Cristo nos perdoou, então fica claro que não há limite de vezes para perdoar!

O DIABO É QUEM LEVA VANTAGEM

Já falamos que há uma prisão espiritual ocasionada por reter o perdão. E que demônios se aproveitam desta situação. Agora queremos examinar um outro texto bíblico que nos mostra nitidamente que a falta de perdão dá vantagem ao diabo:
“A quem perdoais alguma cousa, também eu perdôo; porque de fato o que tenho perdoado, se alguma cousa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios”. - II Coríntios 2:10,11

O apóstolo Paulo revela que se deixamos de perdoar, quem vai se aproveitar da situação é Satanás, o adversário de nossas almas. Disse ainda, que não ignorava as maquinações do maligno. Em outras palavras, ele estava dizendo que justamente por saber como o diabo age na falta de perdão, é que não podia deixar de perdoar.

Precisamos entender que Deus não será engrandecido na falta de perdão. Que o ofendido não lucra nada por não perdoar. Que até mesmo o ofensor pode estar espiritualmente preso. O único que lucra com isso é o diabo, pois passa a ter autoridade na vida de quem decide alimentar a ferida do ressentimento.

A Bíblia nos ensina que não devemos dar lugar ao diabo (Ef.4:27). Que ele anda em nosso derredor rugindo como leão, buscando a quem possa tragar (I Pe.5:8), e que devemos resisti-lo (Tg.4:7). Mas quando nos recusamos a perdoar, estamos deliberadamente quebrando todos estes mandamentos.

CONSELHOS PRÁTICOS

Para aqueles que reconhecem que não há saída a não ser perdoar, mas que, por outro lado, não é algo tão fácil de se fazer, quero oferecer alguns conselhos práticos que serão de grande valia.

Primeiro, o perdão não é um sentimento, é uma decisão e também uma atitude de fé. Já dissemos que o perdão não é por merecimento, logo, não tenho motivação alguma em minhas emoções a perdoar. Não me alegro por ter sido lesado, mas libero aquele que me lesou por uma decisão racional. Portanto, o perdão não flui espontaneamente, deve ser gerado no coração por levar em consideração aquilo que Deus fez por mim e sua ordem de perdoar. As conseqüências da falta de perdão também devem ser lembradas, para dar mais munição à razão do que à emoção.

É preciso fé para perdoar. Certa ocasião quando Jesus ensinava seus discípulos a perdoarem, foi interrompido por um pedido peculiar:

“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe.

Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. - Lucas 17:3-5

Naquele instante os discípulos reconheceram que para praticar este nível de perdão iriam precisar de mais fé. E Jesus parece ter concordado, pois nos versículos seguintes lhes ensinou que a fé é como semente, quanto mais se exercita (planta) mais ela cresce (se colhe).

É necessário crer que Deus é justo e que Ele não nos pede mais do que aquilo que podemos dar. Se Deus nos pediu que perdoássemos, Ele vai nos socorrer dispensando sua graça no momento em que tivermos uma atitude de perdão.

Muitas vezes o perdão precisa ser renovado. Depois de declarar alguém perdoado, o diabo, que não quer perder seu domínio, vai tentar renovar a ferida. Em provérbios 17:9 as Escrituras Sagradas nos falam sobre encobrir a questão ou renová-la. É preciso tomar uma decisão de esquecer o que houve, e renovar somente o perdão. Cada vez que a dor tentar voltar, declare novamente seu perdão. Ore abençoando seu ofensor. Lute contra a mágoa!

É importante ver os ofensores como vítimas. Isto é algo especial que vejo em Jesus na cruz:

“Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. - Lucas 23:34

Em vez de olhar para eles como quem merece punição e castigo, Jesus enxerga que eles também eram vítimas. Aqueles homens estavam em cegueira e ignorância espiritual, debaixo de influência maligna, sem nenhum discernimento de quem estavam de fato matando. Eram vítimas de todo um sistema que os afastou de Deus e da revelação das Escrituras. E ao reconhecer que ele é que eram vítimas, em vez de alimentar dó de si mesmo (como nós faríamos), Jesus teve compaixão deles.

Acredito que este é um princípio para o perdão fluir livremente. Assim como Jesus o fez, deixando exemplo, Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo, também o fez:

“Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado”. - Atos 7:60

Quando você começa a enxergar as misérias da vida espiritual de seu ofensor (ao menos a que manifestou no momento de te ferir), e canaliza o amor de Deus por ele, como você também necessita do amor divino ao se achegar arrependido em busca de perdão, a coisa fica mais fácil.

À UNIDADE DO CASAL!!!!!

A Unidade do Casal
por Luciano P. Subirá

Muitos casais cristãos estão vivendo hoje fora daquilo que Deus idealizou. Brigas constantes, desrespeito mútuo e distância entre o casal, são vistos em muitos lares. E além da infelicidade que isto produz em seus corações, ainda há a questão do mal testemunho dado.

Penso que este é um assunto que merece nossa atenção, pois o princípio de viver em unidade é algo que não apenas produzirá maior realização emocional no relacionamento, como também liberará sobre o casal as bênçãos de Deus.

COMPREENDENDO A UNIDADE

É importante que consigamos visualizar o que a unidade do casal pode produzir em suas vidas, e então seremos desafiados a preservá-la. Também entenderemos porque o diabo, o adversário de nossas almas, luta tanto contra ela. Jesus nos ensinou que a unidade e concordância permite Deus agir em nossas vidas:

“Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. (Mateus 18:19,20)

Por outro lado, a falta de unidade impede Deus de agir. A palavra de Deus nos mostra de modo bem claro que quando o marido “briga” com sua mulher, algo acontece também na dimensão espiritual:

“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações”. I Pedro 3:7

Ao deixar de honrar a mulher como vaso mais frágil e maltratá-la (ainda que só verbalmente), o marido está trazendo um sério problema sobre a vida espiritual do casal. A Bíblia diz que as orações serão impedidas.

É lógico que isto também vale para a mulher, embora quem mais facilmente tropece nisto sejam os homens. O texto bíblico revela que depois de desonrar a mulher na condição de vaso mais frágil (com asperezas), o homem, mesmo que clame ao Senhor, terá sua oração impedida, pois um princípio foi violado.

Deus não age em um ambiente de desarmonia e discordância. Isto é um fato. Quando tentaram construir a torre de Babel, as Escrituras dizem que Deus desceu para ver o que os homens faziam.

E Deus mesmo, ao vê-los trabalhando em harmonia e concordância de propósito declarou:

"Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.” (Gn.11:6,7).

O que vemos aqui é que a unidade remove limites. Quando o casal se torna um e fala uma só língua (sem discordância) eles removem os limites diante de si! Deus pode agir livremente num ambiente destes, mas basta perder a capacidade de falar a mesma língua que tudo se perde!

No reino de Deus, quando dois se unem, o efeito não é de soma, mas de multiplicação. Moisés cantou acerca do exército de Israel: um deles faria fugir a mil de seus inimigos, mas dois deles faria fugir dez mil! (Dt.32:30).

A unidade ainda traz consigo outras virtudes. Podemos ver isto numa das figuras bíblicas do Tabernáculo. O propiciatório da arca da aliança figura este princípio. O Senhor disse que ali Ele viria para falar com Moisés.

O propiciatório (ou tampa da arca) era o lugar onde a glória e a presença de divina se manifestava. E nas instruções para a confecção desta peça, vemos o simbolismo da unidade. Deus disse que os dois querubins deveriam ser uma só peça de ouro batido; com isto falava simbolicamente de unidade entre seus adoradores (Ex.25:17-19).

Os querubins deviam estar com as asas estendidas um para o outro (Ex.25:20), o que fala de cobertura recíproca. A falta de unidade nos leva a agir com o espírito de Caim que disse ao Senhor: “Acaso sou eu guardador de meu irmão?” (Gn.4:9).

Mas quando estamos em unidade com alguém, cobrimos e protegemos esta pessoa! Esta é uma virtude que acompanha a unidade.

A outra, é a transparência. Os querubins deveriam estar um de frente para o outro (Ex.25:20). Isto fala alegoricamente de poder encarar outro adorador “olho no olho”. Fala de não ter nada escondido, de não ter pendências. Ninguém consegue olhar (espontaneamente) no olho de outra pessoa quando as coisas não estão bem.

Quando Jacó fala para sua família que as coisas já não estavam bem entre ele e Labão, seu sogro, a expressão que ele usa é: “vejo que o semblante de vosso pai já não é mais o mesmo para comigo” (Gn.31:5).

Jesus disse que os olhos são a candeia do corpo. Eles refletem o que está dentro de nós. E a unidade é a capacidade de olhar olho no olho e estar bem. Particularmente, eu não posso concordar com casais que escondem coisas um do outro, seja no que diz respeito à sua vida passada (erros e pecados) ou presente (como nas questões financeiras, por exemplo).

Acredito que a unidade verdadeira exige que haja remoção ou acerto de “pendências” (Pv.28:13).

Ás vezes fingimos um comportamento só para agradar (ou não desagradar) ao outro, o que diverge do ensino bíblico. Este teatro não produzirá unidade verdadeira. Temos que aprender a ser francos, como está escrito: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto” (Pv.27:5).

Paulo censurou este tipo de comportamento dúbio quando escreveu aos gálatas. Ele falou sobre como o apóstolo Pedro em certa ocasião agiu assim para ser “diplomático” e que esta atitude conseguiu atrair até mesmo o prórprio Barnabé, companheiro de Paulo, e ele os censurou publicamente (Gl.2:11-14).

Contudo, quero ressaltar que ser franco não significa ser grosseiro, pois a Bíblia nos ensina a falar a verdade em amor. O conselho dado a Timóteo na hora de corrigir os que opunham, foi o de usar de mansidão (II Tm.2:25). A unidade manifesta a verdade (dolorosa às vezes) de forma bem mansa.

O PRINCÍPIO DO ACORDO

A Bíblia nos ensina também que o acordo é indispensável num relacionamento:

“Como andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Amós 3:3

A ausência de acordo é uma porta aberta para o diabo. Quando Paulo escreveu aos efésios e falou sobre não dar lugar ao diabo, o fez dentro de um contexto, que é o de pecados que acontecem nos relacionamentos:

“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo.” Efésios 4:26,27
Tiago escreveu sobre o mesmo princípio. Ele disse:

“Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas ruins.” Tiago 3:16

Já mencionamos anteriormente que o acordo é uma porta aberta para ação de Deus (Mt.18:19). Mas quando chegamos ao ponto de dissipa-lo de nosso relacionamento, estamos comprometendo não só a qualidade da satisfação na esfera emocional, mas também a esfera espiritual de nosso lar. Não é fácil ajustar-se satisfatoriamente na relação conjugal.

As diferenças são muitas; na formação de cada um, na personalidade, temperamento, e acrescente a isto as diferenças entre homem e mulher. Contudo, quando aprendemos a ter como denominador comum o caráter e os ensinos de Cristo, então conseguimos o ajuste por meio de ceder, perdoar, recomeçar, etc.

Mesmo um casal que parecia perfeitamente ajustado em seu período de namoro e noivado descobrirá a necessidade de mais ajustes à medida que os anos de casamento vão passando. Não é uma tarefa tão fácil, mas não é impossível!

Se não estivesse ao nosso alcance, Deus estaria sendo injusto ao cobrar isto de nós... mas o fato é que não só é algo possível, como também é uma chave poderosa na vida cristã!

O CASAL DEVE DECIDIR JUNTO

Há uma ordem de governo e autoridade estabelecida por Deus no lar. O marido é chamado o cabeça (Ef.5:22-24), e entendemos que como tal tem direito à palavra final. Porém, isto não quer dizer que o homem esteja sempre certo ou que não deva ouvir sua mulher.

Encontramos no Velho Testamento uma ocasião em que o próprio Senhor diz a Abraão, seu servo: “Ouve Sara, tua mulher, em tudo o que ela te disser” (Gn.21:12). No Novo Testamento vemos Pôncio Pilatos desprezando o conselho de sua mulher e se dando mal com isto (Mt.27:19).

Precisamos considerar ainda que ser líder não significa ser autoritário. Quando o apóstolo Pedro escreveu aos presbíteros (que compõem o governo da Igreja Local), disse em sua epístola que eles não deveriam ser “dominadores do povo” (I Pe.5:3).

Isto mostra que autoridade e autoritarismo são duas coisas distintas. Vejo muitos maridos dizerem que suas esposas TÊM que obedecê-los! Mas ao dizer que as esposas devem ser submissas, Deus não estava instituindo o autoritarismo no lar. Vale ainda lembrar que Jesus declarou que “aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc.12:48).

Os homens precisam se lembrar de que em matéria de responsabilidade do lar, terão que responder a Deus numa medida maior que as mulheres. Mas não é preciso que o homem carregue o peso desta responsabilidade sozinho.

É importante que o casal dialogue e tome decisões juntos. Desde que casamos, minha esposa e eu sabemos quem é o cabeça do lar, mas foram muitas raras as vezes em que tomei uma decisão por mim mesmo.

Sempre conversamos e discutimos sobre nossas decisões. As vezes já estamos de acordo no início da conversa, e às vezes precisamos de muita conversa para amadurecer bem o que estamos discutindo. Mas sabemos a bênção de caminhar em acordo e cultivamos isto entre nós.

Entendo que se a mulher é chamada de “auxiliadora” na Bíblia, é porque o homem precisa de sua ajuda. E a ajuda da mulher não está limitada à atividades domésticas.

A Bíblia fala com esta figura, que deve haver uma relação de companheirismo. Creio que como auxiliadora, a mulher deve ajudar a tomar decisões.

Este é um processo que exige ajuste. Na hora de discutir alguma decisão, ou mesmo a forma de ser e se comportar de cada cônjuge, vemos o quanto é difícil ouvir ao outro. Mas devemos atentar para o ensino bíblico sobre isto: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha” (Pv.18:13).

Tiago nos adverte o seguinte:

“Sabeis estas cousas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. Tiago 1:19

A verdade é que normalmente somos prontos para falar e irar-se um contra o outro, mas tardios para dar ouvidos ao que o outro tem a dizer. E isto precisa ser mudado em nós! Para que haja acordo, precisamos aprender a ouvir.

TRATANDO COM DESENTENDIMENTOS

Os desentendimentos ocorrem, mesmo entre os crentes mais dedicados, mas devem ser tratados logo. Lemos que alguém pode se irar e não pecar, pois é uma reação emocional espontânea.

Mas o que cada um faz com o sentimento que teve pode se tornar pecado. Paulo aconselhou os irmãos de Éfeso a que não deixassem o sol se pôr sobre sua ira (Ef.4:26,27). Em outras palavras, que deveria haver acerto, perdão, e que nenhuma pendência ficasse para trás.

Precisamos aprender a tratar com os desentendimentos no lar. Preservar a unidade não significa nunca se desentender, mas saber dar a manutenção devida no relacionamento quando isto ocorrer.

O tempo não apaga as ofensas. Deve haver reconciliação. Jesus ensinou isto:

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” Mateus 5:23,24

Alguns acham que depois de um desentendimento é só deixar “para lá”. Mas a Bíblia nos ensina o princípio de reconciliação de maneira bem formal. Deve haver pedido de desculpas, de perdão.

Deve se conversar sobre o que aconteceu (o quê machucou o íntimo de cada um e porquê machucou). E não podemos perder de vista que devemos lutar para viver sem brigas, e não só reconciliar quando elas ocorrem (Ef.4:31).

Acredito, ainda, que atenção especial deve ser dada à forma de falar. Talvez esta seja uma das áreas que mais sensíveis sejam nos desentendimentos que surgem no relacionamento, uma vez que a “comunicação” no lar não é só o que um fala, mas também a forma que o outro entende!

As conversas não devem ser exaltadas ou em tom de briga. E quando um dos cônjuges se perde numa explosão emocional, é importante notar que a Bíblia não nos ensina a “jogar o mesmo jogo”. O que lemos nas Escrituras é justamente o contrário:

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” Provérbios 15:1

“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um”. Colossenses 4:6

Os maridos devem ter cuidado redobrado, pois por natureza são mais racionais do que emocionais e suas palavras tendem a ser mais duras e grosseiras. Por isto a Bíblia nos adverte:

“Maridos, amai a vossas esposas, e não as trateis com aspereza” Colossenses 3:19

“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações”. I Pedro 3:7

Embora seja verdadeiro e aplicável aqui o ditado de que “é melhor prevenir do que remediar”, precisamos reconhecer que muitas vezes falhamos permitindo desentendimentos que poderiam facilmente ser evitados. Neste caso, devemos aprender a consertar e tratar com estas situações.

Mas não podemos esquecer também que mesmo havendo perdão e reconciliação depois do erro, quando ele se repete muito vai gerando desgaste e descrédito, e isto exige uma dimensão de restauração maior depois.

As intrigas no lar roubam o prazer de outras conquistas, como escreveu Salomão, pela inspiração do Espírito Santo:

“Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi cevado e com ele o ódio”. Provérbios 15:17

“Melhor é um bocado seco, e tranqüilidade, do que a casa farta de carnes, e contenda”. Provérbios 17:1

“Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa”. Provérbios 21:9

Há casais que alcançaram tudo o que queriam financeiramente, mas não conseguem viver bem juntos. Eles, melhor do que ninguém, podem afirmar quão verdadeiras são estas declarações bíblicas. Não adianta ter outras realizações e deixar o relacionamento conjugal se perder.

Como alguém declarou: “Nenhum sucesso compensa o fracasso do lar”. Precisamos aprender a cultivar a unidade em nosso relacionamento. E isto acontece quando aprendemos a lidar de forma simples e prática nas questões do dia-a-dia. Que o Senhor nos ajude!