domingo, 30 de junho de 2013


Proteja o seu Casamento


A principal esperança do Homem é ser FELIZ; não é apenas ter mais velocidade, mais eficiência, mais globalização ou mesmo mais dinheiro, o que queremos é: Mais felicidade! Creio que poucos negarão que esta é a principal META do ser humano. E nós fomos feitos para a felicidade e a procuramos, necessariamente.
O nosso desafio é encontrá-la onde ela estiver e não onde queremos que esteja. A felicidade geralmente é encontrada nos lugares e nas pessoas mais simples que jamais imaginamos. Na verdade, a felicidade perfeita só pode ser encontrada de modo real e permanente em DEUS: Fonte de felicidade eterna!!
E dentre todas as coisas humanas, o CASAMENTO é o que promete mais FELICIDADE, mais chances de se exercer e encontrar nele profundidade para a VIDA.
Na verdade o que quero dizer é sobre o MATRIMÔNIO, que é um passo além do casamento. Segundo o dicionário Aurélio, Casamento é a união solene entre duas pessoas de sexos diferentes, com legitimação religiosa e / ou civil. MATRIMÔNIO, é uma celebração solene, sendo um dos 7 sacramentos da Igreja. E encontrar o parceiro para esta jornada me parece ser hoje um dos maiores desafios do Homem “moderno”.
O MATRIMÔNIO é ainda a fonte estabilizadora das sociedades, por ser a base para geração das FAMÍLIAS, na sua acepção fidedigna. É onde as VIRTUDES humanas são iniciadas e aprofundadas através dos exemplos. Se quisermos destruir um País e só acabar com as famílias.
Entendo que houve profundas alterações comportamentais nestes últimos 50 anos que mudaram a trajetória do Casamento. Uma longa história carrega esta instituição ao longo do existencialismo humano e nas diversas formas sociais e religiosas; o casamento traz fartura de estatísticas e análises que poderiam nortear debates infindáveis. Vamos preferir nos ater a nossa realidade alcançável.
Estou convencido de que, traçando um paralelo, o Casamento de hoje se tornou uma possibilidade cada vez mais remota e inexeqüível, vendo-o ou percebendo-o da forma como estamos sendo levados. Comparo-o a um pino elétrico de duas saídas que se encaixa a um pino de duas entradas: macho-fêmea; onde o primeiro pino seria o da necessidade fisiológica e o segundo pino, todas as demais “exigências”. Era o Casamento tradicional de “antigamente”. Hoje, para a escolha de nosso parceiro, temos uma infinidade tão grande de pinos que dificilmente já encontramos alguém com a mesma quantidade de in out ; muito menos fazer com que se encaixem. Seria como nas entradas e saídas de nossos computadores que nem sabemos para que existem tantos “dentinhos”. E quando se encaixam, já existem pinos mais modernos que satisfazem melhor as “necessidades”. A individualidade crescente cria opções cada vez mais pessoais e acabamos achando que as pessoas com quem conviveremos é que devem se encaixar aos nossos pinos, e não o contrário.
O casamento se tornou gestão de Marketing, onde as pessoas se tornaram produtos em busca de um público alvo e desenvolvidos com foco definido. Ou seja, cada vez mais estamos segmentados, cada um sendo lançado no mercado em busca de um consumidor cada vez mais exigente e arredio. Outrora bastava ter o produto e o seu respectivo preço e o consumidor estava satisfeito; hoje, temos que saber como e onde disponibilizar os candidatos, como promover e como agregar valor a eles. Enfim viramos produto de consumo e com brutal concorrência e exigências e, o pior, com índice de satisfação pós-venda duvidosa e sempre em contestação.
Assim, esta é a primeira grande dificuldade: encontrar o parceiro certo neste mundo desvairadamente globalizado, e que ambos estejam dispostos a serem complementares e não se mantendo inflexíveis com a sua individualidade: princípio fundamental do Casamento.
A segunda questão envolve o período do conhecimento mútuo, hoje totalmente exacerbado do sentido real. Quando duas pessoas começam a pensar que “foram feitas uma para a outra”, podem acabar por julgar que não foram feitos para mais ninguém, e que também não precisam de mais ninguém.
O Amor romântico não enxerga os defeitos da outra pessoa. O Amor Real tende a enxergar todos, ou pelo menos estar convencido de que existem os defeitos e que vão se manifestar um dia. E temos que amar o outro com os defeitos que tem, isto é, amá-lo como na verdade é. E de tudo, é o mais difícil!!
Portanto, o período de escolha deve ser exercido com critério, e após isto, o Casamento pressupõe Comprometimento Mútuo.
Uma declaração que equivale a dizer “Eu o amo com a condição de que você não tenha defeitos” simplesmente não seria amor. Querer o amor com a condição de que não seja necessário esforçar-se para amá-lo...... é puro e simples egoísmo. Esta é a fonte constante dos desacertos pré e pós Casamentos. A FELICIDADE que o casamento pode e deve trazer está enraizada no aspecto de compromisso e entrega que caracteriza o amor conjugal. Longe de mortificar a liberdade da pessoa, esta fidelidade protege-a do subjetivismo e relativismo e torna-a participante da sabedoria Criadora. São destrutivas e ameaçadoras as forças que pregam que a felicidade pode ser alcançada sem norma moral alguma, sem nenhum autodomínio ou generosidade e sobretudo a uma vida centrada no eu.
O Casamento é, obviamente, uma das tendências mais naturais da natureza humana. Ora, se é assim, parece difícil imaginar que, em circunstâncias normais, seja natural que o casamento fracasse. Se tantos casamentos fracassam hoje em dia, talvez seja porque as circunstâncias que cercam o matrimônio já não são normais. Ao invés de o casamento estar fracassando para o homem, não será o homem que vem fracassando em relação ao casamento??
Não será que o erro, ao invés de residir no casamento, reside no homem moderno, e mais especialmente no modo como ele encara o casamento?? A polarização nas coisas terrenas e a procura egocêntrica do hedonismo satisfazem a sede de felicidade??
O amor no casamento não está destinado a permanecer apenas como amor entre duas pessoas. A vocação natural é expandir-se, incluir cada vez mais elementos. O Amor conjugal está projetado para se tornar amor familiar; está destinado a crescer seja biologicamente ou não, e neste crescimento, incluir e acolher outros seres humanos, que são o fruto deste amor. Mesmo aos casais que não concebem naturalmente (hoje próximo de 30%) a expansão deste amor com agregação é recomendável.
Todo casamento chega a um período crítico, a um ponto de inflexão a partir do qual crescerá rumo a uma realização mais plena e definitiva, ou irá de mal a pior. Este momento pode sobrevir em um tempo muito curto, tão logo se desvaneça o clima romântico e fácil, coisa que ocorre freqüentemente um ou dois anos depois do casamento. Se o casal não enfrentar adequadamente este momento crítico, o casamento poderá ir por água abaixo. O respeito e a compreensão mútua irão diminuindo, e as discussões e brigas se tornarão cada vez mais freqüentes; terá começado um processo gradual de distanciamento que pode terminar, dez ou quinze anos mais tarde, numa total indiferença mútua ou numa ruptura.
Na verdade, em geral, parecemos ter mais facilidades para ver os defeitos dos outros do que para identificar suas virtudes. Isto acontece especialmente quando duas pessoas vivem juntas de um modo tão constante e íntimo como no casamento. E acontece sobretudo quando, nessa vida em comum, preferem ficar a sós. Duas pessoas que se olham continuamente frente-a-frente encontrarão com certeza muito mais defeitos uma na outra.
Quando este tempo de prova chegar, cada um dos cônjuges necessitará, em primeiro lugar, de um motivo de peso que o ajude a ser Leal ao outro, um motivo que seja suficiente para fazê-lo perseverar na tarefa de aprender a amar o outro. Em segundo lugar, cada um necessitará de um motivo poderoso que leva a aperfeiçoar-se pessoalmente, a ser menos egocêntrico e mais amável. Na figura dos filhos, a natureza põe nas mãos esses dois motivos.
Para que o amor não somente sobreviva, mas cresça, cada um dos cônjuges tem de poder descobrir virtudes - virtudes novas ou virtudes amadurecidas - no outro. Para que o amor no casamento cresça, o outro tem que tornar-se cada vez mais amável. E aqui está uma das maiores virtudes do casamento. A pessoa se tornará mais amável para o parceiro e também para o mundo, e progredir, se efetivamente for convertendo em uma pessoa melhor. A generosidade e doação de si mesmo é que torna uma pessoa melhor e mais amável. O sacrifício pelo outro é uma exigência da vida matrimonial. Todo o sacrifício que os filhos exigem dos pais já desde os seus primeiros anos é o principal fator previsto pela natureza para amadurecer, desenvolver e unir os pais. O sacrifício compartilhado é um dos melhores laços de amor.
Vejamos algumas dicas que os protagonistas do Casamento mais longo do mundo (Percy e Florence, de Londres), segundo o Guinness Book , nos deram depois de 80 anos de matrimônio:
-Não esticar uma discussão
-Beijar-se com freqüência
-Dar as mãos para ir para a cama
-Cultivar o prazer de estar na companhia do outro
-Querer sempre a felicidade do outro
Hoje, depois de longas e intermináveis controvérsias, o Matrimônio estável volta a estar na moda, e inclusive na moda o Casamento religioso. O índice dos casamentos desfeitos chegou próximo a 50 % nos últimos anos nos EUA, na Inglaterra a 40 %, e no Brasil estamos próximo disso. Somente 18 % dos matrimônios superam os 20 anos e menos de 6 % os 30 anos. E comemoram BODAS de OURO somente 0,31 %, ou seja, três casais em casa 1000 atingem este marco histórico. Lembremos que para se casar são necessárias duas pessoas e para divorciar-se, basta uma. Hoje é mais fácil terminar um casamento de 25 anos do que finalizar um contrato de trabalho de poucos meses. Não há uma incongruência nisso??
A questão não é eliminar as leis do divórcio, ou iniciar uma discussão sobre a sua bondade ou maldade. O que importa é trabalhar para o fortalecimento do matrimônio, ajudar os casais com problemas a superá-los. Se for possível, ainda que difícil às vezes, não optar pela saída do divórcio que pode parecer fácil à primeira vista. É trabalhar com vistas ao futuro, formando as novas gerações para que vivam seu matrimônio com a decisão firme de esforçar-se para que seja de fato “até que a morte nos separe”.
Hoje em dia, parece soar bem expressar em público que o matrimônio é somente uma opção entre outras e que a mera co-habitação deveria ter os mesmos direitos. Direitos à parte, porém, a realidade social prova que o matrimônio ainda marca a diferença.
As estatísticas e os benefícios a longo prazo justificam e provam que o matrimônio seja tratado como uma opção social preferível. Em conjunto, os casados gozam de melhor saúde, têm um estado emocional e psíquico mais satisfatório e estão mais estimulados a aumentar as suas rendas que aqueles que vivem sós ou que co-habitam. A questão da defesa do contrato matrimonial, pelos seus efeitos positivos, deixou de ser uma “mera” preocupação moral para se converter em uma questão de saúde pública.
A segurança de um matrimônio estável assemelha-se a um seguro TOTAL, que anima os pares a tomarem decisões em conjunto e a se especializarem em tarefas que facilitam a vida em comum. A não estabilidade atua como um freio e corta as possíveis economias de escala, pois pretende-se ao mesmo tempo nadar por aí e guardar a roupa em casa. Também a ameaça que os tribunais possam dividir as propriedades, ou definir a quem corresponde a custódia dos filhos, impedem uma tranqüilidade produtiva.
Vários fatores sociais foram pesquisados ao redor do mundo sobre as vantagens de um casamento estável, indo desde o aumento da felicidade geral, como melhor saúde e qualidade de vida além de maior expectativa de vida, passando por todos os tipos de indicadores sociais.
Os rendimentos nas famílias estáveis nos EUA chegam a ser 90 % maiores do que as famílias que vivem juntas mas não casadas e 160 % maiores que as separadas ou divorciadas.
No Chile, 76 % dos jovens encarcerados não contam com pais casados, 44 % provêm de famílias instáveis e 64 % provêm da gravidez de adolescentes.
Nos EUA 60 % dos reclusos por roubo, 72 % assassinos juvenis e 70 % dos condenados à prisão perpétua cresceram em famílias sem pai. O abuso sexual por parte dos padrastos é de 6 a 7 vezes superior à média.
Nos EUA, 92 % das crianças que recebem serviços de assistência do estado, provêm de casamentos inconsistentes ou fracos, tornando-se um grave problema público.
No Reino Unido, 80 % das crianças que apresentam conduta adequada estão perto dos seus pais biológicos e somente 4 % dos que têm problemas de conduta vivem com seus pais verdadeiros.
As estatísticas indicam que, quem se divorciou uma vez, tem hoje 60 % de chances de se divorciar novamente, contra 45 % na média de quem ainda não o fez.
Está também comprovado que os filhos de casais com más relações, porém que permanecem unidos, se divorciam menos que aqueles cujos pais optaram pelo divórcio e se encontram em melhor situação que os filhos destes.
Comprovou-se ainda que, nos países com história de divórcio, as uniões irregulares aumentam.
Nenhum adulto, filho de família divorciada, quer que seus filhos repitam suas experiências de infância.
Recomendo, para quem se interessar, o texto de Stephen Kanitz ( “Eu te amarei para sempre” - site kanitz.com.br) e o site www.portaldafamilia.org.
Enfim, o Matrimônio estável é incomparavelmente mais benéfico para a nossa existencialidade, que remonta muitos anos, e não somente os anos mais vigorosos.
O plano de Satanás é matar e roubar de você e de seu casamento. Ele até usa as coisas que parecem ser boas para lhe destruir. De fato, geralmente a busca do que é bom distrai da busca daquilo que é melhor.
Às vezes, o obstáculo não será um ataque de Satanás, mas simplesmente sua própria falta de raciocínio.
Esteja atento ao obstáculo de desenvolver a unidade no casamento:
Ter muitas atividades individuais. Ir em direções opostas muitos dias e noites da semana pode causar danos. Negócios, envolvimento comunitário e igreja são importantes, mas se os seus horários são cheios de atividades individuais, seu casamento vai sofrer por falta de tempo juntos. Procure por coisas que vocês possam fazer e desenvolver juntos.
Não encontrar tempo para estarem juntos. Se você não separar um tempo para estarem juntos, provavelmente esse tempo nunca será encontrado. Outras coisas, pessoas e eventos irão tomar todo o seu tempo. Crie a disciplina de “fazer” o tempo a fim de estarem juntos.
Não se comunicarem regularmente ou de maneira significativa. O casamento associa duas pessoas ocupadas, e a preocupação da família em produzir um relacionamento que é desafiado pelas muitas direções da vida ativa. Você deve continuamente desenvolver a comunicação, para manter um laço de intimidade em meio a tantas ocupações. A prática da comunicação requer tempo e compromisso se é que de fato vamos ouvir o nosso cônjuge.
Não resolver as diferenças que emergem. A intimidade é mais fácil de ser destruída do que construída. Ignorar ou fingir que as diferenças não acontecem, absolutamente nada resolve. Dê a vocês mesmos o tempo para crescerem juntos em unidade. Encare, confronte e lide com seus problemas.
Se comunicar magoando o outro. Pergunte a você mesmo: Minhas palavras convidam meu cônjuge a entrar no meu coração ou o/a lançam para longe de mim? Se ultimamente as suas palavras não têm sido cheias de graça , se arrependa diante do Senhor e de seu cônjuge. Nunca ataque seu cônjuge: sempre ataque o problema que é a raiz da desavença. Fale carinhosamente.
Ser desonesto. O engano jamais traz nada de útil num relacionamento. Sempre diga a verdade com integridade.
Importunação. Uma vez que você já disse ao seu cônjuge tudo o que você sabe que já foi ouvido, deixe com ele/ela e entregue ao Senhor. Encorajem um ao outro.
Comportamento abusivo ou violento. O comportamento abusivo é prejudicial ao espírito e à alma, assim como ao corpo. As repercussões de um abuso também irão ferir àqueles que estão ao seu redor. Procure aconselhamento imediatamente. Tratem um ao outro com amor.
Infidelidade. Não há nada que possa trazer maior dano a um relacionamento do que infidelidade conjugal seja de caráter físico ou emocional. A infidelidade pode dar lugar a uma ilusão temporária mas as conseqüências podem ser devastadoras. Perdão, cura e reconciliação podem vir a tomar lugar, mas o processo pode deixar profundas e visíveis cicatrizes não apenas em você, mas em muitos ao seu redor.

                           

                               
                                    A Bíblia e a Trindade



Ensina a Bíblia realmente que Deus é uma Trindade?

O batismo cristão ordenado por Cristo na Grande Comissão (Mt 28.19) deve ser efetuado “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Observe que o texto diz “nome” e não “nomes”. A idéia é que o nome de Deus é Pai-Filho-Espírito Santo. E verdade que o termo Trindade não se encontra no texto hebraico nem no grego, na Bíblia; e tampouco aparecem termos como “soteríologia” — no entanto, existe na teologia sistemática a doutrina da salvação, também se encontra a da “hamartologia”, a da “transcendência” e “imanência”, ou a da “preexistência” de Cristo, ou a “cristologia”. Poucas pessoas que discutem os ensinos bíblicos levantam uma bandeira vermelha e objetam contra o uso de tais termos, quando estudam a natureza das graciosas obras de Deus. Tais designações servem como rótulos convenientes, didáticos, para conceitos ou ensinos complexos a respeito de assuntos intimamente relacionados. E impossível discutir teologia como disciplina sistemática, filosófica, sem se usar esses termos técnicos. Nenhum deles se encontra na Bíblia, disso temos certeza. No entanto, todos eles formam um complexo grandioso de conceitos coerentes, organizados, que são ensinados nas Escrituras. Portanto, devemos rejeitar como irrelevante a objeção de que a palavra precisa, “Trindade”, não se encontra na Bíblia.

No entanto, aventuramo-nos a insistir em que alguns dos ensinos básicos e fundamentais a respeito de Deus tornam-se praticamente incompreensíveis, sem que tenhamos uma boa compreensão da doutrina da Trindade.

Em primeiro lugar, vamos definir com clareza o que significa “Trindade”. Esse termo implica que o Senhor é uma unidade que subsiste em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo — sendo os três um só Deus. Que Deus é uno tanto o Antigo como o Novo Testamento o asseveram: Deuteronômio 6.4: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor”; Marcos 12.29: “Respondeu Jesus: o principal é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor!”; Efésios 4:6: “[Há] um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos”. Vemos aqui afirmações claras, inequívocas de monoteísmo:

Deus é um só

Não há outros deuses além dele. Isaías 45.22 menciona Deus dizendo: “Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro”. Ou ainda Salmos 96.4,5: “Porque grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses. Porque todos os deuses dos povos não passam de ídolos [hebr. ‘elilim tem conotação de ‘fraco, sem valor’]; o Senhor, porém, fez os céus”. Isso se torna muito explícito em l Coríntios 8.5,6: “Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as cousas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as cousas, e nós também, por ele”.
Mas, a Bíblia também ensina que Deus não é uma mônada estéril, mas existe eternamente em três pessoas.
Isso fica implícito no registro da criação, em Gênesis 1.1-3: “No princípio, criou [bãrã; verbo no singular, não no plural bãre’û] Deus [’elohim, plural na forma, tendo o final im; esse plural para ‘Deus’ provavelmente é um ‘plural majestático’; entretanto, compare-se Gênesis 1.26,27, que discutimos abaixo] os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia... e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas [mostrando o envolvimento da terceira Pessoa na obra da criação]. Disse Deus [’elóhîm]: Haja luz; e houve luz”. Temos aqui Deus falando como a Palavra Criativa, o Verbo (Jo 1.3), que é a segunda Pessoa da Trindade.
Diz a Bíblia que cada pessoa da Trindade tem uma função especial, tanto na obra da criação como na da redenção.
O Pai é a Fonte de todas as coisas (1 Coríntios 8.6) “... pelo qual são todas as coisas”). Ele é aquele que planejou e ordenou a redenção. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). A encarnação foi o cumprimento de seu decreto previamente anunciado em Salmos 2.7: “Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”. Ele também deu-nos o Messias como expiação pelos nossos pecados (Is 53.6, 10). De maneira semelhante, ele concedeu o Espírito Santo a seu povo (At 2.18; Ef 1.17). Ele derramou a salvação sobre os redimidos (Ef 2.8,9), pela fé, que também é dom de Deus. E a seu Filho entregou a Igreja (Jo 6.37).
Quanto a Deus, o Filho, foi por meio dele que toda a obra da criação se realizou (Jo 1.3; lCo 8.6); significa que ele era também o Senhor Deus, ao qual se refere o salmo 90, o Criador que fez as montanhas, as colinas e toda a Terra. Ele é também o Sustentador e Preservador do universo material que ele criou (Hb 1.2,3). No entanto, ele também é o Deus que se tornou “carne” (Jo 1.18), isto é, um verdadeiro ser humano —sem deixar de ser divino, a fim de explicar (“exegete”) Deus à humanidade. Ele era a Luz que veio ao mundo para salvar os homens do poder das trevas (Jo 1.9; 8.12) por meio de sua perfeita obediência à lei e sua morte expiatória na cruz (Hb 1.3). Ele é também aquele que venceu o poder da morte, e, como o Salvador ressurreto, estabeleceu sua Igreja e comissionoua como seu templo vivo, seu corpo e sua noiva.
O Espírito Santo é aquela pessoa da Trindade que inspirou a redação das Escrituras (lCo 2.13; 2Pe 1.21), e manifesta o Evangelho aos redimidos de Deus (Jo 16.14). Ele comunica os benefícios do Calvário a todos quantos verdadeiramente crêem e receberam Cristo como Senhor e Salvador (Jo 1. 12,13); e Ele penetra em suas almas a fim de santificar seus corpos como templos vivos de Deus (lCo 3.16; 6.19), depois de terem nascido de novo pela sua graça transformadora (Jo 3.5,6). A seguir, ele ensina aos crentes as palavras de Cristo, de modo que possam entendê-las e crer nelas (Jo 14.26; lCo 2.10), e dá testemunho de Jesus tanto por sinais externos como por convicção interna (Jo 15.26; At 2.33,38,43). Ele santifica e congrega os membros de Cristo num organismo vivo, que é o verdadeiro templo do Espírito Santo (Ef 2.18-22) e concede a cada membro dons especiais da graça e do poder (charismata) mediante os quais possam enriquecer e for talecer a Igreja como um todo (lCo 12.7-11).
O NT afirma reiterada e claramente que Jesus Cristo é Deus encarnado. Ele veio como o Verbo criador, que também é Deus (Jo 1.1-3). De fato Ele é “o Deus unigênito” (Jo 1.18; segundo os manuscritos mais antigos, os melhores, essa era a redação original) em vez de “único Filho gerado”. Em João 20.28, a afirmação de Tomé, que deixara de ser incrédulo, “Senhor meu e Deus meu foi aceita por Cristo como sua verdadeira identidade; assim comentou o Senhor: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram”. Creram em quê? Acreditaram naquilo que Tomé acabara de reconhecer, que Cristo é Senhor e Deus!
Nas cartas de Paulo e nas epístolas gerais, encontramos outras afirmações claras sobre a deidade de Cristo:

1. Falando dos israelitas, assim diz Paulo: “... deles são os patriarcas, e também deles [ón, o particípio realmente exige essa tradução; ho ón (‘ele é’) tem de ser uma construção modificadora de ho Christos, como seu antecedente] descende o Cristo, segundo a carne [i.e., do ponto de vista físico], o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém” (Rm 9.5).

2. Em Tito 2.13, Paulo diz: “aguardando a bendita esperança e a manifestação [epiphaneia noutras passagens só se refere ao surgimento de Cristo, nunca de Deus Pai] da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus

3. Hebreus 1.8 cita Salmos 45.6,7 como prova da divindade de Cristo, ensinada no AT: “mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre” [o hebraico usa ‘elóhim aqui].

4. Hebreus 1.10,11 cita Salmos 102.25,26, declarando: “Em tempos remotos, Senhor [o salmo todo dirige-se a Iavé, pelo que o autor insere o vocativo Senhor aqui, partindo de um contexto anterior], lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permaneces”. Aqui Cristo é mencionado como o Deus que sempre existiu, até mesmo antes da criação, que viverá para sempre, até mesmo depois de os céus terem cessado de existir.

5. Em l João 5.20, esse apóstolo diz: “... estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este [lit., esta pessoa] é o verdadeiro Deus e a vida eterna”.
No que concerne às passagens do AT, os seguintes fatos relacionam-se à Trindade:

1. Gênesis 1.26 cita Deus (‘elóhim) que diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”. Essa primeira pessoa dificilmente pode ser um plural editorial ou real, referente a uma única pessoa, a que fala, visto que tal uso não se verifica em parte alguma do hebraico bíblico. Portanto, precisamos enfrentar a pergunta:
Quem são as pessoas incluídas em “façamos nos” e em “nossa”. Dificilmente incluiríamos os anjos, que estariam sendo consultados, pois em parte alguma se diz que o homem foi criado à imagem deles; só de Deus. O v. 27 afirma: “Criou Deus [’elóhim], pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; o homem e a mulher os criou”, O Senhor — o mesmo Deus que falou de si mesmo no plural— declara agora que criou o homem à sua imagem. Em outras palavras, o plural equivale ao singular. Só podemos entender isto em termos da natureza trinitária de Deus. O verdadeiro Deus subsiste em três pessoas, as quais são capazes de discutir entre si e executar seus planos, pondo-os em ação, juntos — sem deixarem de ser um único Deus.

Para nós, que fomos criados à imagem de Deus, essa doutrina não deveria ser difícil de entender. Existe um sentido muito bem definido em que temos uma natureza tríplice, ou trinitária. I Tessalonicenses 5.23 indica-o com clareza: “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (grifo do autor). Com freqüência, encontramo-nos engajados em debate entre nosso espírito, alma e corpo, quando enfrentamos uma decisão moral, uma escolha entre a vontade de Deus e o desejo de nossa natureza carnal, que busca o prazer egoísta.

2. Salmos 33.6 diz: “Os céus por sua palavra se fizeram, e, pelo sopro [rûah, Espírito] de sua boca, o exército deles”. Aqui de novo temos o mesmo envolvimento das três pessoas da Trindade na obra da criação: o Pai decreta, o Filho, sendo o Verbo, executa o decreto do Pai, e o Espírito concede a dinâmica vital ao processo.

3. Salmos 45.6 já foi citado em conexão com Hebreus 1.8: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino”. Mas 45.7 traz uma referência a um Deus que abençoara ao Verbo que é o perfeito Rei: “Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria, como a nenhum dos teus companheiros”. O conceito de Deus abençoando Deus só pode ser entendido em um sentido trinitário. Um conceito de Deus unitário torna essa passagem ininteligível.

4. Isaías 48.16 mostra as três pessoas em ação, na obra da revelação redentora: “Chegai-vos a mim e ouvi isto: não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo [i.e., o livramento do povo de Deus dos grilhões e da escravidão], tenho estado lá. Agora, o Senhor Deus me enviou a mim e o seu Espírito”. Temos aqui o Deus-homem Redentor falando (o que se descreveu a si mesmo no v. 12 dizendo: “sou o primeiro e também o último”, e no v. 13, assim: “... a minha mão fundou a terra, e a minha destra estendeu os céus...” Agora ele diz, no v. 16: “... o Senhor Deus me enviou a mim e o seu Espírito (que nesse caso se refere a Deus, o Filho, e a Deus, o Espírito, a terceira Pessoa da Trindade). E possível que “e o seu Espírito” possa ligar-se a “me”, como objeto direto de “enviou”, mas no contexto do original hebraico, a impressão é que “seu Espírito” (rüah, Espírito) está ligado a ‘adonay YHWH (“Senhor Iavé), como mais um sujeito, em vez de um objeto. Seja como for, a terceira Pessoa torna-se distinta da primeira e da segunda, nesses versículos. Além dos exemplos mencionados acima, de versículos do AT que não fazem sentido a não ser que se admita a natureza trinitária de Deus, do Senhor triúno, existem múltiplos exemplos da atividade do “Anjo de Iavé” que se iguala ao próprio Deus. Consideremos as seguintes passagens:

1. Gênesis 22.11 descreve o momento dramático da experiência de Abraão no monte Moriá, quando estava prestes a sacrificar seu filho Isaque: “Mas do céu lhe bradou o Anjo do Senhor:Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui”. O versículo seguinte prossegue, igualando esse ser celestial ao próprio Deus: “...agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho”. Depois, nos v. 16 e 17,0 anjo declara: “Jurei, por mim mesmo, diz o Senhor, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho, que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência...”. Fica bem claro que o anjo de Iavé aqui é o próprio Deus. “Iavé” é o nome de aliança do Deus Triuno, e o seu anjo também é o próprio Deus. Em outras palavras, podemos identificar o anjo de Iavé em passagens como essa, como sendo a pré-encarnação do Redentor, Deus o Filho, já engajado na obra redentora e mediadora, antes ainda de tornar-se um homem, filho da virgem Maria.

2. Em Gênesis 31.11,13 observamos o mesmo fenômeno; o anjo de Deus na verdade é o próprio Deus: “E o Anjo de Deus me disse em sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui [...] Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna...”.

3. Êxodo 3:2 declara: “Apareceulhe o Anjo do Senhor numa chama de fogo, no meio duma sarça...”. Depois, no v. 4, lemos: “Vendo o Senhor que ele se voltava para ver, Deus, do meio da sarça...”. A identificação completa nós a temos no v. 6: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Moisés escondeu o rosto, porque temeu olhar para Deus”. Outra vez verificamos que o Anjo do Senhor não é outro senão Iavé em pessoa.

4. Juízes 13.20 declara: “Sucedeu, que, subindo para o céu a chama que saiu do altar, o Anjo do Senhor subiu nela; o que vendo Manoá e sua mulher, caíram com o rosto em terra”. Os v. 22 e 23 completam a identificação do anjo como sendo o próprio Senhor: “Disse Manoá a sua mulher: Certamente, morreremos, porque vimos a Deus”. Mas sua esposa lhe disse: “Se o Senhor nos quisera matar, não aceitaria de nossas mãos o holocausto e a oferta de manjares, nem nos teria mostrado tudo isto”.

À face dessa pesquisa das evidências bíblicas, concluímos que as Escrituras verdadeiramente ensinam a doutrina da Trindade, ainda que não empregue esse termo. Além disso, devemos observar que o conceito de Deus como sendo um, em essência, mas três nos centros de consciência —a que a Igreja grega se referia como três hypostases e a latina como três personae — e concepção singular, exclusiva, na história do pensamento humano. Nenhuma outra cultura ou movimento filosófico jamais apareceu com uma idéia semelhante a essa a respeito de Deus —pensamento que continua difícil à nossa mente finita, para que o entendamos. No entanto, a inabilidade nossa para compreender completamente a riqueza e a plenitude da natureza de Deus, como Trindade Santa, não deve constituir motivo para o ceticismo. Se só tivermos de aceitar aquilo que podemos entender totalmente, e nisso acreditar, estaremos, nesse caso, desesperançosamente além da redenção. Por quê? Pois jamais entenderemos plenamente como poderia Deus amar-nos de tal maneira que enviasse seu Filho Unigênito à terra para morrer por nós, pelos nossos pecados, e tornar-se nosso Salvador. Se não aceitarmos uma idéia que não podemos entender, como creríamos em João 3:16? Como receberíamos a certeza do evangelho e salvar-nos?